Copenhaga, Dinamarca

Uma universidade. Lá devem ser pobres. Cá é só automóveis.

O convívio possível: automóveis, bicicletas e o andar a pé.

Tanto passeio livre!











Assim há espaço para o carrinho do bebé passar.


Outra rua morta. De certeza.


Proíbido a motas? Proíbido a carros? Estão loucos!?




Sem automóveis as ruas morrem! O comércio morre! As pessoas não querem andar a pé!


Sem automóveis as ruas morrem?


Sem automóveis as ruas...



...morrem?
As pessoas não querem andar a pé?



Uma esplanada? Mas lá neva, chove e faz muito frio!?


Estes vikings são loucos!


Loucos!


Carlos Barbosa, presidente do ACP, diz que o presidente da autarquia pretende "uma coisa irrealista, que é pôr a cidade a andar de bicicleta e a pé", recordando que "os carros fazem parte da cidade"Lisboa, 09 Jun (Lusa)


"Uma das mudanças projectadas, segundo o autarca de Campolide, é a criação de uma via pedonal para pôr as pessoas a andar a pé entre a Alameda Afonso Henriques e o centro comercial Corte Inglés naquela mesma zona de São Sebastião. Se puserem as pessoas a andar a pé à beira-rio está bem, agora nesta zona, que não tem nada para ver! À noite, em vez de ser uma via pedonal, ou uma ciclovia, este percurso arrisca-se a ser a 'via do assalto, afirmou José Teixeira Santos.
Presidente da Junta de Freguesia de Campolide
In PÚBLICO, 17-06-2009
Mais uma vez, obrigado à leitora Catarina Fernandes pela reportagem.

53 comentários:

  1. Isso são tudo montagens! Alguma vez alguém vai deixar de carro, para se cansar a andar a pé? Que parvoíce! :)

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  2. O que é de facto extraordinário é que nestes países em que as pessoas há muito que trocaram o carro pela bicicleta e/ou transportes públicos (países escandinavos, Holanda, Inglaterra, Alemanha...), o clima, quando comparado com o nosso, é terrível, então de chuva nem se fala!...
    Não tenham ilusões, este nosso povinho é muito fino, nunca seremos assim.

    Mas faço um reparo: nas duas últimas fotografias há bicicletas em cima dos passeios a roubar espaço aos peões. Nada que se compare com o que se vê neste nosso país, claro...

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  3. Em Portugal, quando algum autarca mais afoito (maluco, queria eu dizer) pensa em fechar uma rua ao trânsito ou ao estacionamento automóvel, é uma tragédia: o ACP levanta-se indignado contra o "ataque aos direitos dos automobilistas"; os comerciantes gritam e choram que não pode ser, que isso é matar o comércio tradicional; os automobilistas indignam-se porque "como é que eu agora me desloco, vá, digam-me!?", "isto vai ser o cáos no trânsito"; etc. Se a rua chegar a mesmo a ser fechada ao trânsito ou ao estacionamento (milagres acontecem!), no dia seguinte é como se não tivesse sido: continuará cheia de carros.

    Recordo que a pressão do comércio tradicional tem conseguido impedir muitos projectos de encerramento de ruas ao trânsito (exemplos podia citar muitos). E o que é extraordinário é que em Portugal toda a gente continua a andar de carro e o comércio tradicional está mesmo a morrer, porque a malta quer é centros comerciais e hipermercados. E nestes outros países (existirão mesmo?), o comércio tradicional continua vivinho da silva...

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  4. Na penúltima, a estrada estava cortada ao trânsito devido a haver festa na rua, estava apinhado de bicicletas foi díficil encontrar a minha que tinha deixado umas horas na praça(mas sim tens razão, de qualquer dos modos foi de facto uma tarde extraordinária). Acerca da última fotografia, a bicicleta tem parque que não ocupa o passeio já que o que parece estrada não o é, está cortada ao trânsito e as pessoas andam pelo meio, não atrás da bicicletas (: Nunca tive de me desviar de um carro em cima do passeio ou para atravessar a passadeira.

    Catarina F.

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  5. Bom Catarina, está explicado. E eu aqui a tentar convencer-me de que afinal sempre havia um pequeno pontinho em comum com Portugal...

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  6. Em relação ao comércio tradicional, o que o está a matar não são os fechos de rua aos carros, são os shoppings que abrem em todo o lado. Nunca vi nada como aqui. devemos ser de certeza o pais com mais m2 de shopping na europa. isso alguém esquece-se sempre de referir, especialmente os políticos que ganham e muito com a construção deles.

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  7. as declaracções do presidente da junta e do tipo da acp dão vontade de chorar... ou pelo menos emigrar.

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  8. o da junta de alvalade disse o mesmo em relação à pista de bicicletas que está ali a ser feita. é no que dá este país ser dirigido por corruptos, incultos e incompetentes.

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  9. A 1ª vez que fui a Amsterdão e vi os executivos a irem para o trabalho, todos engravatados, nas suas bicicletas, fizesse chuva ou sol (sempre mais chuva que sol, estamos a falar da Holanda...), fiquei embasbacada. Aqui em Lisboa, com este clima abençoado que temos, nem no metro os vejo, quanto mais de bicicleta!
    Como é que ficámos assim tão snobs?

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  10. Esses dinamarqueses são esquisitos, pá!!

    Em Portugal é que é!!

    "os carros fazem parte da cidade de Lisboa"

    Não sei como é que este senhor ainda não recebeu a Ordem do Infante das mãos do Presidente da Republica! Ou um Pulitzer, ou até um Oscar!!!

    Quanto à argumentação do PJ de Campolide é digna de um analfabeto (sem querer ofender os analfabetos...)

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  11. Excelente exemplo, Mas estamos ainda alguns anos atrás da Dinamarca.

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  12. Anos-luz, mais propriamente...

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  13. Para ajudar à formação: anos-luz é uma unidade de medida de distância neste caso se de Portugal a Copenhaga vão mais ou menos 3700km isto é equivalente a 0,00000000039 anos-luz. É a distância que a luz à v(luz no váculo)=3x10^8 m/s percorre num ano.
    Mas sim, Portugal ainda está muito aquém do que por aqui se faz em termos de mobilidade.
    C.F.

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  14. Saliento a frase da Catarina "nunca tive de me desviar de um carro em cima do passeio ou para atravessar a passadeira".
    Ouvir isto, para nós, que todos os dias, a toda a hora, em todo o lado, nos temos de desviar dos carros para andar no passeio ou atravessar uma passadeira, repito, todos os dias, a toda a hora, em todo o lado…, é realmente extraordinário.

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  15. Desculpem a ignorância de quem nunca foi à Dinamarca (nem a qualquer país nórdico, mas conhece bem os países latinos), esta situação, sinceramente, será igual nos dias de chuva?
    Não me tomem como reaccionário, simplesmente tenho alguma curiosidade, pois todas estas fotos simpáticas que nos mostram dos países nórdicos são sempre em dias solarengos ou pelo menos sem chuva e tendo em conta que nesses países está sempre a chover…
    FOX

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  16. Pois caro FOX, espero que o passeio livre coloque as fotos que enviei. Eu já estive nestes países, e o que se vê mais são mães a andar com os filhos de bicicleta com temperaturas abaixo de zero e a nevar ou chover. Idem para idosos (sim idosos). Aqui "ó meu rico filho! tadinho que se vai constipar!"

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  17. E eu já assisti a isto, na Holanda e em Inglaterra, em dias úteis, de chuva, daquela chuva que dura o dia inteiro. Por cá isto parece fazer muita confusão porque não temos muita chuva e quando ela aparece os portugueses agem logo como se fosse um obstáculo enorme nas suas vidas. É água a cair do céu! Há chapéus de chuva, gabardines, plásticos próprios para utilizar nestes casos, etc., tudo inventado há muito tempo. E, claro, há uma coisa que se chama TRANSPORTES PÚBLICOS, que não costumam ser descapotáveis...

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  18. mas olhem que em copenhaga (como podem ver por algumas destas fotos) estacionam-se bicicletas nos passeios, como em qualquer cidade onde o uso da bicicleta é massificado e ao que sei este blog é contra o estacionamento de bicicletas dessa forma.
    Como é que resolvem isso?
    como é que querem colocar uma cidade inteira a andar de bicicleta se depois lhe tiram uma grande mais-valia que é o facil estacionamento em qualquer lado?
    Nuno M.

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  19. Isto não é só assim nos dias solarengos.
    O que seria dos cafés que têm sempre mesas lá fora (quando está frio pôem umas mantas), das lojas e das ciclovias? Acha que os passeios estão cheios de carros com dias de chuva? A resposta é negativa! Nota-se um ligeiro aumento no tráfego automóvel e os TP vão mais apinhados do que o normal mas nunca as pessoas deixam de andar na rua e a pedalar e ainda no outro dia estava a chover e vi 200 patinadores em plena via de circulação automóvel com a devida segurança. Há umas fotos que foram tiradas horas antes de começar a chover torrencialmente (a da Universidade, da praça cheia de bicicletas, e da esquina com bicicletas e pessoas no meio da rua). Com certeza que em Agosto e Setembro quando começar a chover dia sim dia não e terei mais fotos para enviar ao passeio livre. Tem andado a chover e a trovejar, a semana passada foram dois dias de chuva constante, nem uma aberta. Hoje está um dia agradável com nuvens q.b. e 15ºC (uau!) as pessoas saem à rua! Passeiam! Vão para o jardim! Deixam o carro em casa ou bem estacionado pagando sempre o parquímetro. Assim se vive no resto da Europa.
    E posso confirmar que as ruas por onde tirei fotos estão sempre cheias de gente independente das condições atmosféricas, aqui é uma condição falar de tempo...
    CF

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  20. Meu caro anónimo das 11:43 , não se precipite. eu sugiro que procure os índices de percipitação anuais de Lisboa e os compare com os dessas cidades que refere, na wikipedia pode encontrar alguma coisa. Verá que em Lisboa, por exemplo chove mais do que em Berlim ou Amesterdão ou mesmo Londres, o que acontece é que enquanto por lá essa precipitação ocorre durante o ano inteiro e por cá está muito concentrada em 4 meses do ano. dito por outras palavras, nós temos poucos meses de chuva , mas a chuva que temos é forte , eles por lá têm mais meses de chuva, mas a chuva é mais miudinha (na maioria das vezes).

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  21. Nuno, criando lugares para estacionamento para bicicletas a substituir lugares de carros em abundância. Para cara carro podem estacionar 10 bicicletas.

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  22. Anónimo (12h34) se visitar amesterdão onde há parques de bicicletas por todo o lado , até sob a forma de silos ( ao lado da estacão central) verá que a sua utopia não funciona, os passeios continuam cheios de bicicletas por toda a cidade e é lógico que assim seja e que haja tolerância das autoridades.
    Nuno M.

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  23. Os passeios em Copenhaga são largos e há uma parte reservada às bicicletas junto às paredes visível pela diferença de paralelipípedos na calçada ou até mesmo pelos suportes de bicicleta. Numa rua onde o passeio é estreito e cria problemas de estacionamento de bicicletas, é criado num ou dois lugares de estacionamento automóvel, parque próprio para bicicletas. Numa rua foi mesmo cortada parte do trânsito e a calçada dos peões foi aumentada de modo a permitir estacionamento de bicicletas que nessa rua era caótico sim, nunca havia sítio para estacionar a bicicleta. Bicicletas e pessoas no passeio funcionam, estas continuam a andar aos pares ou mesmo trios, ou nas ruas do centro 10 lado a lado. Uma bicicleta junto à parede não é o mesmo que um automóvel.
    CF

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  24. Claro que uma bicicleta junto a uma parede não é o mesmo que um automóvel e por isso eu defendo que deve haver tolerância zero contra essa infracção, no entanto defendo uma postura mais tolerante relativamente ao estacionamento nos passeios de motas e bicicletas (com o devido bom senso de não impedir a circulação dos peões), a bem da mobilidade das cidades, contudo , esta não parece ser a posição deste blog em que se defende que motas e bicicletas devem ser estacionadas fora dos passeios.
    devo dizer que inicialmente a iniciativa dos autocolantes, me parecia interessante e original, mas depressa me apercebi que a rigidez e inflexibilidade dos autores comprometia a sua credibilidade.
    Nuno M.

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  25. Caro Nuno M:

    A posição do Passeio Livre quanto ao estacionamento de bicicletas e motas no passeio é variável de acordo com os seus vários elementos. Não sei de onde retirou a ideia de que ela é tão rígida como parece fazer crer.

    De facto, creio ser algo que poucos poderão ser contra ou a favor porque, simplesmente, não é comum. As cidades de Portugal não são como Copenhaga ou Amesterdão, onde a bicicleta é uma presença constante, ou como várias cidades italianas, onde as motas são mais populares. Por isso, só como exercício de imaginação que antecipasse o futuro é que alguém poderia defender ou ser contra o estacionamento de bicicletas ou motas no passeio.

    No dia em que tal for generalizado, é expectável que tomemos uma posição mais determinada. Seriam sem dúvidas boas notícias porque a mobilidade em viatura particular estaria certamente a diminuir!

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  26. Duas coisas a ter em conta:
    1 - Chovendo muito, ou não, fazendo frio ou não, não interessa quando nem quanto, ELES andam a pé ou de bicicleta.
    2 - Se há bicicletas no passeio paradas, quem me dera a mim que esse fosse o problema aqui. Concerteza não está a comparae um objecto de 12kg com um de mais de uma tonlenada, pois não? Alé disso, mesmo que estejam paradas nos passeios, as pessoas não têm problema em se deviar pela rua. Porquê? Porque NÃO HÁ CARROS.

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  27. O passeio é para os peões.
    Os únicos objectos com rodas autorizados a andarem nos passeios são as cadeiras de rodas, carrinhos de bebés e de compras e afins.
    Essa de se poder estacionar a bicicleta/mota deixando espaço para o peão, faz-me lembrar os argumentos que constantemente se lêem aqui dos automobilistas autocolados: «eu até deixei espaço para os peões…»
    A circulação de bicicleta/patins feita, com o devido cuidado, ainda consigo tolerar (eu, a lei não), agora o estacionamento desregrado não. Tanto incomoda a circulação de um invisual um carro no passeio, como uma bicicleta.
    Neste caso temos de ser radicais: O passeio é dos peões, não é uma faixa, não é um bocado, É TODO!
    Até o raio dos pilaretes deveriam ser colocados na estrada e não no passeio.
    JC

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  28. A ideia que tirei foi duma resposta a um comentário qeu fiz num post anterior onde coloquei essa pergunta e deduzi que a única pessoa que me respondeu na altura (JC) fazia parte deste blog.
    Nuno M.

    Quanto a este último comentário do JC (14:43), porque é que ainda consegue tolerar o estacionamento de bicicletas e patins e não tolera o estacionamento de scooters e motas? já agora agradecia um exemplo de cidade onde não haja scooters motas e bicicletas estacionadas nos passeios.
    Nuno M.

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  29. Os afins espero que inclua a bicicleta levada à mão.

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  30. Nuno, eu disse «circulação de bicicleta/patins» e não estacionamento, a grande diferença é que na circulação o condutor está no controlo do objecto e pode-se desviar do peão.
    Além de que não há necessidade nenhuma para se estacionarem as motas nos passeios, se procurarem bem há sempre um cantinho legal onde a por.
    Quanto aos exemplos, lá por não haver uma cidade sem homicídios não quer dizer que tenhamos de os tolerar!
    JC

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  31. Os afins:

    É equiparado ao trânsito de peões:
    a) A condução de carros de mão;
    b) A condução à mão de velocípedes de duas rodas sem carro atrelado e de carros de crianças ou de pessoas com deficiência;
    c) O trânsito de pessoas utilizando trotinetas, patins ou outros meios de circulação análogos, sem motor;
    d) O trânsito de cadeiras de rodas equipadas com motor eléctrico;
    e) A condução à mão de motocultivadores sem reboque ou retrotrem.

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  32. JC, com analogias como a que deu só me resta desejar-lhe boa sorte.

    Nuno M.

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  33. O Nuno M parece não ter percebido. O que está no comentário das 16:00 não são "analogias" saídas da mente criativa de JC: é a transcrição do artigo 104 do Código da Estrada.
    FS

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  34. Caro anónimo das 12:33 de 21 de Junho:
    Não vou discutir consigo quais são idades que têm maiores índices de precipitação, e muito menos com base em dados da Wikipédia (que como se sabe não é fiável). Baseio-me apenas na minha experiência de cidadão lisboeta que visitou essas cidades estrangeiras.
    Não percebo onde quer chegar: acha que Londres, Amesterdão, Berlim ou Helsínquia têm um clima mais propício do que Lisboa para as pessoas andarem a pé e de bicicleta?! Não acredito que esteja a dizer isso!

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  35. Todos estes pormenores técnicos e desculpa do tempo e de mais não sei o quê, só provam uma coisa. Aqui arranja-se todo o tipo de justificação para mexer o "backside" o menos possível. É uma mentalidade retrógada, egocêntrica e nada saudável tanta fisica como mentalmente. Será por isso que somos o povo mais deprimido da Europa?
    Eu também o seria se a única coisa que fizesse fosse acordar/carro/trabalho/carro/dormir.

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  36. A analogia do JC a que me referia era esta e passo a citar:

    "Quanto aos exemplos, lá por não haver uma cidade sem homicídios não quer dizer que tenhamos de os tolerar!"
    JC

    Nuno M.

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  37. Está explicado, então.
    A questão levantada por Nuno M é importante, sobretudo se pensarmos na falta de lugares de parqueamento de bicicletas no nosso país.
    Mas não é precisamente este o argumento que utilizam os senhores que estacionam os carros em cima dos passeios? A falta de alternativa?
    Tendo a concordar mais com JC.
    Quando comparadas com os carros, as bicicletas (e as socooters) pesam muito pouco, dificilmente causam algum dano no passeio. Desse ponto de vista, o estacionamento nos passeios é inofensivo. Mas embora a bicicleta ocupe muito menos espaço do que um carro, é tão susceptível de obstruir a passagen a peões, carrinhos de bebés, cadeiras de rodas, etc., como o automóvel. Porque é que havemos de ser mais tolerantes com as bicicletas do que com os carros? O nosso objectivo não é libertar os passeios para os peões?
    Doutra forma, estaríamos a confundir duas coisas. É desejável que as pessoas troquem os carros pelas bicicletas nas suas deslocações nas cidades ou em zonas problemáticas em termos de estacionamento. Sem dúvida! Mas isso não implica que nós, peões, tenhamos de prescindir dos nossos passeios.
    E quem diz bicicletas, diz quiosques, painéis publicitários, caixotes do lixo, pilaretes, etc. O passeio é sempre o sacrificado!
    Por isso, não compreendo bem a posição do Passeio Livre expressa aqui às 14:26 de ontem.
    Quanto às motas, penso que a questão nem se deve colocar - devem ter o mesmo tratamento dos carros.

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  38. Vou-vos chocar, talvez.
    A não ser em pistas próprias para ciclistas (que não existem), eu nunca andaria em Lisboa de bicicleta.
    Basicamente por duas razões.
    Primeiro, por uma questão de segurança. Em Helsínquia, não pensaria duas vezes, andaria de bicicleta. Aqui, sabendo como conduzem os automobilistas portugueses, e em particular os lisboetas, dentro das localidades (dentro, fora...), jamais andaria pelas ruas de Lisboa de bicicleta.
    Segundo, com o incrível trânsito automóvel que Lisboa tem, andar de bicicleta pelas ruas de Lisboa é encher os pulmões de dióxido de carbono e de outras substâncias piores. Só com máscara.
    Quando vou para o trabalho, em Lisboa, nunca uso o automóvel, vou sempre de transporte público, sem excepção. Mas... bicicleta? Arranjem-me pistas próprias...
    Susana

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  39. Caro anónimo das 14:10, passeios podem ser partilhado com bicicletas (são em muitos países, e sim eu sei por experiência própria) porque ambos têm o mesmo objectivo, mas carros nunca o foram nem virão a ser. Comparar ambas as situações é como comparar um A380 com um planador.
    A sua dissertação serve apenas para criar conflitos de opiniões. O objectivo do passeiolivre (de que não faço parte), não é apenas retirar tudo dos passeios, é tentar acima de tudo fazer as pessoas compreeender que há alternativas ao carro, ou será que ainda não deram por isso???

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  40. Eu estive lá uma semana e acreditem que aquilo ao princípio parece surreal. Uma cidade capital sem carros? Estradas desertas?! Tudo a pé ou de bicicleta.
    Hilariante, como diriam alguns iluminados Srs da imprensa!

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  41. Caro amigo, não pretendo "criar" conflitos de opinião nenhuns. Mas não sou obrigado a ter a sua opinião, só porque é por uma boa causa (sim, eu sei, é por uma boa causa).
    Precisamente por ser por uma boa causa, digo-lhe sinceramente que nunca me repugnou ver bicicletas estacionadas nos passeios. Pelo contrário, saber que há pessoas que (apesar de tudo) andam de bicicleta para se deslocar anima-me um pouco.
    Eu ainda me safo, sou magro, faço alguma ginástica e lá consigo serpentear entre os obstáculos que vão aparecendo nos passeios. Já os deficientes em cadeira de rodas, os carrinhos de bebés, os invisuais (já tentou imaginar um invisual a "tactear" com a bengala e a enfiá-la no aro da roda de uma bicicleta?)...
    Neste triste país há passeios muito estreitos, não se esqueça disso.
    Mas enfim, admito que ainda me possam convencer do contrário.

    Quanto ao objectivo principal deste blogue (o próprio nome já diz muito: "Passeio Livre"), não parece que seja bem aquele que diz. Acho que se enganou na porta: talvez devesse visitar antes o blogue "Menos Um Carro".

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  42. Aí está. Foi você quem disse, não fui eu: "...objectivo principal...". Implica que existem outros, certo? Obrigado.

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  43. Parecem umas bixonas à luta.
    Todo mundo mas é prá rua colar autocolantes!

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  44. Susana,

    Vou chocá-la talvez:

    Há vários estudos que indicam que a exposição a partículas poluentes/tóxicas/etc no ar é superior dentro dos automóveis que fora deles.

    Pode não parecer fazer sentido nenhum, e também estava muito céptica quanto a isso. Mas procurei um pouco, e encontrei vários artigos como este: http://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6V78-447D2T6-B&_user=10&_rdoc=1&_fmt=&_orig=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_searchStrId=937309255&_rerunOrigin=google&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=264f87a238cf07777b3ff831551c8612

    Ana

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  45. Nuno,

    Parece-me lógico que assumas que as posições do Passeio Livre sejam sempre assinadas pelo Passeio Livre. E o Passeio Livre não precisa, e não pode, ter opinião sobre tudo. Isto é uma conversa dinâmica e, espero, com a flexibilidade de todos.

    Susana,

    Nem ia comentar o seu comentário, mas já que a Ana a decidiu chocar: as pistas para bicicletas em zonas urbanas são na generalidade dos casos mais perigosas que conduzir a bicicleta com o resto do tráfego! E esta, hem?!

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  46. Ana,
    Não me chocou. Isso não me surpreende muito, aliás há uma velha técnica de suicídio que implica ficar dentro de um automóvel com o motor a trabalhar. Seja como for, eu não me desloco de automóvel para ir trabalhar: uso o comboio, o metro e as solas (quanto a estas, o mais afastado possível dos carros). Quanto à bicicleta, na Holanda, onde 40% das pessoas usa a bicicleta e o trânsito automóvel não tem nada a ver com o de Lisboa, vi gente andar de bicicleta na cidade com máscara. A explicação não é complicada: o exercício físico abre os pulmões, facilitando a retenção dos poluentes. Mas reconheço, estou a entrar num domínio em que sou ignorante. Não levem a mal.

    13:29: essa é que me intrigou. Explique-me. Mais perigoso do que andar numa rua cheia de condutores portugueses? Porquê?

    Susana

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  47. Olá Susana,

    Não temos que levar nada a mal. Até porque são ideias contra-intuitivas. Sobre a poluição no interior do carro repare que o resumo do artigo que envia a Ana diz: "...mesmo tendo em conta a respiração mais acelerada dos ciclistas...".

    Em relação às pistas para bicicletas elas fazem sentido fora de zonas urbanas e em corredores verdes. Mas onde há muitos cruzamentos, inúmeros estudos já demonstraram que são mais perigosas nos cruzamentos. Porquê? Várias razões. A mais simples: protegem os ciclistas, onde é raro haver acidentes (nos troços rectos), e provocam mais acidentes onde é mais perigoso (nos cruzamentos). Principalmente as pistas bi-direccionais que colocam parte dos ciclistas em contra-mão.

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  48. 16:52:

    Interessante. Tem lógica que as pistas sejam mais perigosas nos cruzamentos, o que, ainda assim, depende da prioridade que se der à passagem nestes (especialmente em cruzamentos com semáforos). Mas no resto do percurso é difícil defender que a pista não seja mais segura.
    Seja como for, não fiquei convencida. Já é perigoso andar de carro nas estradas e ruas portuguesas, quanto mais de bicicleta! Repito: em Compenhaga, nem pensaria duas vezes. Aqui, não, obrigado.
    Susana

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  49. Susana, vou regularmente de bicicleta para a faculdade, pela estrada, há mais de 2 anos. Não tenho receio nenhum, em parte porque também fui escolhendo os percursos mais adequados ao longo do tempo.

    As coisas que considero mais perigosas *no meu percurso* são:

    a) ser ultrapassada por uma (inteligentíssima) viatura que vai virar à direita logo depois. Em vez de abrandarem um pouco, às vezes obrigam-me a travar porque pararam para deixar algum peão atravessar a passadeira na rua ao lado, e ficaram com a cauda meio atravessada na faixa.
    Solução: ir devagar em zonas com cruzamentos, prever sempre o pior. E usar a tática do "ver e ser visto".

    b) ser ultrapassada por viaturas em excesso de velocidade, ou demasiado próximas, ou ambas.
    Solução: ter sangue-frio. E dar-lhes uma valente rabecada no próximo semáforo. Invariavelmente acabamos por nos encontrar num semáforo vermelho.

    c) ter de mudar de faixa. Por vezes é mesmo preciso, e os carros não dão uma aberta.
    Solução: se já sabemos que ali é assim, sinalizar com muuuuuita antecedência. Se mesmo assim não der, azar, seguimos em frente e à primeira oportunidade corrige-se a rota, tal como se fôssemos de carro...

    d) levar uma buzinadela só porque sua excelência quer ultrapassar e não consegue, ou decide meter-se connosco. Às vezes apanha-se com cada susto...!
    Solução: nada a fazer... manter a calma e treinar um espírito zen!

    Estas são as minhas principais preocupações no trânsito, mas de certeza que outras pessoas terão muitas mais.

    É, de facto, perigoso... mas não tenho medo. É preciso saber avaliar os riscos e ter sempre muita atenção. E é tudo :)

    Ana

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  50. Susana, de facto é um dos assuntos mais investigados em segurança rodoviária para bicicletas. Tem razão, as pistas poderão ser marginalmente mais seguras em troços rectos, só que acidentes em troços rectos são extremamente raros. Mas as pistas são muito mais perigosas em cruzamentos - que são os locais onde se tem a maioria dos acidentes. Os cruzamentos semaforizados seriam teoricamente 100% seguros, mas a maior parte deles não é semaforizado e também sabemos que poucos ciclistas obedecem aos semáforos. A percepção do perigo e o perigo real têm infelizmente pouca relação entre si - é por isso que é perigoso.

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  51. Malta, há um senhor nos comentários ao post de Lyon a dizer que Lisboa não é adequada para andar de bicicleta...

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  52. Desculpem o tempo que demorei a responder.
    A descrição da Ana, apesar de divertida, não é lá muito animadora.
    Há uma coisa que não posso revelar aqui, pois caso contrário não estaria a ajudar a "causa da bicicleta".
    Mas obrigado na mesma.
    Boas pedaladas!
    Susana

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  53. Compreendo que as bicicletas paradas em cima dos passeios possam incomodar algumas pessoas, a mim também me incomodam pessoas que andam nos passeios aos zig-zags, mas se analisar-me todo o impacto mais vale uma bicicleta estacionada em cima de um passeio do que um carro bem estacionado. Se muitas pessoas que apoiam este blog substituissem sempre que possivel (a maioria das deslocações até 5km) a ultilização do carro ou transportes publicos pelo uso da bicicleta iamos ter cidades muito mais agradáveis, mesmo com o inconveniente de algumas bicicletas mal estacionadas em cima do passeio.

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