Essen, onde o caminhante é Imperador

O repórter do Passeio Livre foi até Essen na Alemanha. Essen, localizada na região da Renânia do Norte-Vestfália, é a oitava maior cidade da Alemanha, com uma população de cerca de 500 mil habitantes e uma área de 210 km². Situada na Região do Ruhr, uma zona que outrora foi um grande centro de extração de carvão e de produção de aço, sendo ainda das zonas mais ricas e industrializadas da Europa, Essen não deixa de dar elevada primazia nas suas políticas públicas e urbanas, às pessoas, e não às máquinas motorizadas. Foi também a Capital Europeia da Cultura.

A cidade, por ter sido uma forte zona industrial durante o período do terceiro Reich, que fornecia aço e maquinaria bélica para o exército nazi, através da Krupp (atual ThyssenKrupp), foi fortemente bombardeada pelos aliados durante a segunda grande guerra. Tendo sido reconstruída praticamente de raiz, principalmente o seu centro histórico, os urbanistas não optaram por fazer os mesmos erros que em Berlim, Nova Iorque, Londres ou Lisboa, onde se dá enorme e grande primazia ao tráfego automóvel, com largas avenidas onde o espaço atribuído às pessoas representa quase sempre por norma menos de 10% da largura da via, sendo que os restantes 90% são para o fluxo de carros. Vede os casos em Lisboa da av. 24 de julho, av. de Ceuta, av. Infante D. Henrique ou av. da República. 

Todo o centro urbano de Essen, numa larga e vasta área, é estritamente pedonal. A cidade tem três grandes centros comerciais, mas situam-se apenas no centro urbano dando uma continuidade natural ao espaço público. Ou seja, quem passeia por Essen, não sente a diferença entre caminhar nas lojas ao ar livre ou, continuando o seu percurso, nas lojas situadas no centro comercial. A estação ferroviária de Essen (Essen Hauptbahnhof) situa-se no centro urbano no início da dita área estritamente pedonal. Como consequência, o espaço público é prezeroso, oferecendo aos cidadãos qualidade de vida, sendo que estas políticas públicas de mobilidade promovem também florescimento do comércio local.

Na Alemanha, motor económico da Europa, os urbanistas dão prioridade aos peões. Em Portugal, país recém-resgatado na cauda da Europa, os urbanistas dão prioridade ao automóvel.
























Largas praças sem carros

Largas avenidas sem carros

Sábado de manhã, as pessoas vão às compras



Parque para bicicletas



Apesar do frio, as pessoas ocupam as esplanadas, tal a qualidade do espaço público





Zona estritamente pedonal

Um centro comercial integrado no espaço público pedonal





Outro centro comercial









Repare-se na largura da avenida, estritamente pedonal.
Onde em Essen passeia a criança, em Lisboa circula um automóvel.





Outro centro comercial, junto ao município (Rathaus)





Praças amplas sem carros

Crianças brincam em segurança

Esta zona permite cargas e descargas e táxis dentro de um certo horário














8 comentários:

  1. Vocês sonham alto. Toda a gente que a burguesia motorizada alfacinha e dos arredores da capital jamais iria para o centro da cidade sem poder estacionar o automóvel dentro da loja. O alemão anda de transportes públicos, o tuga da barraca anda de popó.

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  2. Ainda não perdi a esperança de ver isto no meu lindo Portugal!! As fotos estão muitos giras.

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  3. Trabalhei e vivi muito tempo em países como a Holanda e a Alemanha. Nomeadamente nesta, visitei inúmeras terras (grande e pequenas), e em todas elas havia enormes zonas exclusivamente pedonais (nomeadamente no centro). Lá, o que aqui se mostra é a regra e não a excepção.

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    1. Oh Sr. Eng., isso é um embuste! A malta cá do burgo quer levar o carro para dentro da loja; temos boa alimentação, bom tempo, boa gente; mas ninguém nos tira o gene do comodismo e do egoísmo coletivo. Adoraria ver estas fotos em Lisboa, mas que lhe parece caro Eng. com a vereação de António Costa?

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  4. A minha pergunta como é que as lojas não fecharam todas? Aqui na terrinha tiraram um parque grande de estacionamento para meter um pago subterrâneo e as lojas fecham constantemente. Se as pessoas não podem entrar pela loja a dentro com o pópó, como é que lá chegam? Não me diga que aquilo nas fotos são pessoas a usar mesmo as suas pernas! Não é isso pois não?

    Expliquem também porque andaram a editar as imagens? Onde estão as pessoas gordas ali? Não me vão dizer que as pessoas tendem a emagrecer quando têm mesmo de andar para ir a algum lado.

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    1. Mas pelo menos também colam autocolantes nos sinais... por pouco pensei que eram mesmo mais evoluídos do que aqui.

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    2. Há uma razão para não falirem. É que estacionamento não falta nessas cidades. Estive recentemente em Maastricht, têm um shopping com esses no centro e a única maneira de lá ir é entrar directamente num parque de estacionamento enorme (nunca vi nenhum tão grande). Depois, por cima, anda tudo a pé.

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