Av. 24 de julho, o antes e o depois!

Em 24 de julho de 1833, as tropas liberais, comandadas pelo duque da Terceira, entram em Lisboa, depois de terem derrotado as tropas miguelistas lideradas por Teles Jordão na batalha da Cova da Piedade. Em homenagem ao duque da Terceira edificou-se-lhe uma estátua na praça do Cais do Sodré, também conhecida como praça Duque da Terceira. Já para homenagear a data simbólica da tomada de Lisboa pela margem sul do Tejo, contra as forças opressoras de D. Miguel, deu-se o topónimo à avenida ribeirinha, com a data em que os liberais (liberal vem de liberdade) chegaram pelo rio à cidade de Lisboa.

Passados quase 200 anos, e as imagens são indubitáveis, no local onde os libertadores de Lisboa atracaram, a opressão e a tirania estão mais vincadas, mais assertivas, mais funestas, mais mortíferas, mais indeléveis, mas acima de tudo muito mais subtis. Passa completamente despercebida esta opressão aos olhos do comum dos cidadãos, em como a parte mais fraca e desprotegida, os pedestres, são literalmente empurrados e injustiçados na distribuição do espaço público.


Av. 24 de julho - Antes
(na 1ª metade do séc. XX)

Repare-se três crianças descontraídas na estrada, os passeios larguíssimos,
ou o baixíssimo movimento de tráfego, com o respetivo silêncio e tranquilidade




Av. 24 de julho - Hoje
(BEM-VINDO AO INFERNO)

Ao princípio da av. numa pequena rua perpendicular,
ao peão é-lhe oferecido menos de meio metro para andar


Retrata-se o perfil da av. da esquerda para a direta na imagem
  • um passeio super curto junto à linha obstruído por árvores
  • 3 vias para tráfego, o mesmo perfil que tem uma autoestrada das melhores
  • um separador central com árvores, para dar um "requinte de alameda"
  • 3 vias para tráfego, no sentido contrário
  • um separador central, com calçada à portuguesa para dar um retoque de "passeio"
  • uma via para estacionamento longitudinal
  • mais uma via para tráfego de proximidade
  • estacionamento em espinha
  • um passeio de meio-metro repleto de obstáculos
O passeio do lado direto da imagem de cima, e que representa menos de 5% da largura total da avenida,
ainda é ocupado por obstáculos desta forma obstrutiva

Como se aos automóveis não lhes fosse atribuído o espaço suficiente,
ainda ocupam o pouco espaço alocado ao pedestre

Nesta imagem, o pedestre é obrigado a passar entre uma árvore e dois carros,
caso não queira ter de caminhar numa estrada onde a velocidade ronda os 90km/h

Questionamo-nos se as barreiras servem para proteger os pedestres e o passeio,
ou antes proteger os automóveis, por forma a que os caixotes de lixo
não vão para a rodovia, importunando assim o tráfego rodoviário

Neste reduto de passeio, que culmina numa aresta onde a largura ronda os 10cm,
"a cereja no bolo" é um pilarete, cuja função não se compreende muito bem

Com um passeio com a largura que se apresenta, e após obras de "requalificação"
por parte da autarquia, não se compreende muito bem a quem é dirigida a sinalética de perigo
se aos automobilistas ou aos peões

Poucas cidades no mundo, com uma parte ribeirinha tão ampla e bela como tem Lisboa
deverão ter uma avenida marginal com perfil de autoestrada,
ou seja 3 vias em cada sentido

Os pedestres são "empurrados" para um reduto a que por certo a autarquia define como passeio
mas onde mesmo ao lado as velocidade rondam os 90km/h

Um caminhante com dois sacos de supermercado, ocupa toda a largura do "passeio"

Fotos do blogue A Nossa Terrinha

9 comentários:

  1. mas o que é isto MEU DEUS, mas o que é isto, a que estado chegou LISBOA meu Deus??!!?!?

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  2. Excelente artigo! Conseguimos ver que é mais seguro caminhar na berma da autoestrada do que na 24 de Julho. Um terror! Lisboa ainda tem demasiadas autoestradas interiores como esta, infelizmente. Tem havido melhorias nos últimos anos, mas têm sido tão tão tão leeennntttaass...
    É minha opinião de que só deveriam existir avenidas com 3 faixas em Lisboa nas saídas, e somente para sair.
    É por este motivo que a 24 de Julho é uma avenida pobre, sem nada.

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  3. Não concordo com o teor deste artigo. Se não fosse o perfil dessa avenida ser tão largo e com tanta capacidade de fluxo rodoviário, haveria muito mais trânsito com os consequentes ruído e poluição do ar. Não se esqueçam que esse perfil permite também um fluxo considerável de tráfego para fora da cidade. Por outro lado, o fluxo pedonal dessa via não exige passeios maiores.

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    1. Vc é um dos que para ir ao café da esquina vai com a lata atrás... Está-se mesmo a ver...

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    2. Não me digas que és o Gustavo Santos, life coach, amante de si próprio, bailarino bigshowsiquiano. Se não fores, deves ser alma gémea do outro...ou QI gémeo.

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  4. A autarquia de Lisboa não está à altura de desafios tão básicos como os que justificam este blogue.
    Podermos vir a ter o seu presidente à frente dos destinos do país (como PM ou PR) é uma hipótese de pesadelo!

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    1. Concordo consigo. A autarquia de Lisboa é gerida por crápulas advogados mais preocupados em defender os seus interesses malévolos, a defender os interesses do povo. E o crápula-mor, esse gordo populista, vai agora por certo dirigir os desígnios do país!

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  5. Isto é terrorismo, isto é TERRORISMO, é isto que é TERROR!

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  6. Boas notícias. Noticia o jornal Público que o Plano de Urbanização de Alcântara, aprovado pela câmara em Março após alguns ajustes, contempla uma profunda alteração da paisagem e da rede viária no Vale de Alcântara, que vai desde o viaduto Duarte Pacheco até à zona ribeirinha. Entre as medidas propostas está a redução do número de faixas de rodagem em artérias como a Avenida 24 de Julho e a Avenida de Ceuta, o alargamento dos passeios, a criação de percursos pedonais – incluindo um viaduto entre a zona do LX Factory e a Doca de Santo Amaro – e de mais espaços verdes. Tal como na versão aprovada em 2011, está excluída a construção de um "micro-túnel" de ligação da Avenida de Brasília à 24 de Julho.

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