Portugal como «Parque Temático»

Lisboa, Rua dos Fanqueiros
13 de Maio de 2011 - 10h42m
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Pelo ar perplexo que estes turistas fizeram ao terem de se desviar para a faixa de rodagem, só se pode concluir que tinham acabado de chegar a Lisboa!
No entanto, também são inúmeros os casos de estrangeiros que, vindo até nós de carro, adoptam, a breve trecho, a prática lusitana do estacionamento selvagem. Pensando bem, o facto de poderem fazer cá o que nem sonhariam fazer na sua terra (e que os condutores portugueses também não fazem quando lá vão), deve provocar uma descompressão emocional agradável. E o facto de lhes podermos proporcionar momentos desses é uma mais-valia turística que, nestes tempos de crise, é preciosa!.

11 comentários:

  1. Em casos assim escandalosos, acho bem que se escarrapachem as matrículas, e que se legendem as fotos com local, data e hora.
    Embora não adiante nem atrase (em termos de consequências), a acusação pública fica registada para a História vergonhosa do estacionamento selvagem em Portugal.

    Aquando das novas eleições autárquicas, este elucidativo arquivo de situações absurdas (que é o Passeio Livre) deverá ser esfregado na cara dos "vereadores para a mobilidade" (e outras anedotas que tais), cujos ordenados pagamos sem que se perceba muito bem para quê.

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  2. A ideia de mostrar as matrículas e denunciar as as situações, seria muito louvável se esta gente tivesse um pingo de vergonha na cara. O problema é que eles têm a consciência do mal que estão a fazer e continuam a infringir a lei e a prejudicar os peões, apenas porque se sentem nesse direito. E ainda se riem das denúncias, porque sabem que ninguém os incomodará!

    Há dias enviei para o PL uma foto (ainda não publicada) de um carro estacionado, ao mesmo tempo, sobre uma passadeira e sobre o passeio. Dias depois, falei com o dono do carro e disse-lhe que ia enviar a foto para o PL, ao que ele me respondeu em ar de gozo: "Óh pá, se eu soubesse disso, estacionava todos os dias sobre a passadeira. Era uma boa maneira de ver o meu carro na internet!" Depois virou-me as costas e entrou no prédio.

    O indivíduo é useiro e vezeiro nestas situações e a polícia já tem sido chamada por diversas vezes, porque o homem entende que pode estacionar à volta do prédio, onde muito bem entende (sobre a passadeira, sobre os passeios ou à entrada do parque de estacionamento camarário existente ao lado do prédio) apenas porque foi ele que construiu o prédio, há mais de 30 anos.

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  3. Faísca, também já conheci um energumeno assim, o problema resolveu-se quando ele viu a foto do seu carro escarrapachada no jornal com um texto referente ao estacionamento em cima do passeio. A partir desse dia, aprendeu miraculosamente a estacionar como as pessoas normais.

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  4. Aqui há uns anos atrás, parar apenas para deixar passageiro(s) na Rua dos Fanqueiros, Rua Augusta (ainda aberta ao trânsito), Rua do Ouro e Rua da Prata, dava direito logo a multa e reboque sem pena nem agravo! Hoje... é o que se vê! E polícia? Onde pára a Polícia?

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  5. Há um livro muito interessante, infelizmente não traduzido para português, intitulado «Inside the criminal mind», que explica "como funciona o cérebero do criminoso".

    Claro que o estacionamento selvagem (salvo raras excepções) não é um crime, mas o funcionamento do cérebro de quem o pratica é, no essencial o mesmo:

    O infractor não tem a mínima consciência do mal que provoca, e auto-autoriza-se a agir assim. O sentimento de culpa (essencial para a mudança de comportamentos) pura e simplesmente não existe nessas pessoas.

    Como tem a ver com o funcionamento do seu cérebro, quaisquer discussões sobre a sua conduta (mesmo quando suscitadas por aqueles que ele prejudica) não têm qualquer efeito prático.
    É como tentar explicar a um cão, recorrendo a palavras complicadas, que não deve defecar no passeio - o animal, simplesmente, não compreende.

    A única linguagem que esses condutores infractores entendem é a da punição pura e simples (que tem de ser garantida e não aleatória). E é aí que as nossas autoridades e fiscais falham redondamente.
    E não se esperem grandes melhorias no curto nem no médio prazo. Por um lado, há uma gigantesca insensibilidade pública.
    Por outro, o problema atingiu tais dimensões que, mesmo que se queira, não há meios eficazes de repressão sistemática.

    A solução terá de ser, também(ou essencialmente), política.
    Porque é que os poderes políticos deixam, ano após ano, que prescrevam as multas de trânsito (e aos milhões!)?
    Será que já implementaram o sistema (que eu vi em Macau) que não deixa que um carro saia da IPO sem ter as multas regularizadas?
    Porque é que a P.M. continua sem ter acesso à base de dados com as moradas dos condutores?
    Porque é que a EMEL não proporciona o pagamento das multas por MB (como faz a SPARK, a Futurlagos, etc)?
    Porque é que é preciso que o Provedor de Justiça venha a público exigir que os carros oficiais sejam multados como qualquer outro?

    Resumindo e concluindo:

    As infracções só sucedem se houver quem as cometa e quem deixe que sejam cometidas.
    E é no capítulo destes últimos que está o grande problema, pois sabota, pela raiz, qualquer tentativa séria para alterar este estado de coisas.

    O estacionamento selvagem deverá, pois, ser levantado pelos cidadãos aquando de eleições (nomeadamente autárquicas), pois não há nada que meta mais medo aos "actuais" do que a ameaça de não serem reeleitos. Mas não tenhamos grandes ilusões. Pelo menos em Lisboa, já tivemos na CML gente de todos os partidos (do CDS ao BE, passando por independentes), e todos (com excepção do Eng. Abecassis) deram o seu "precioso contributo" para a situação actual.

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  6. E ainda:

    Para quando a tão falada (e sempre adiada) «Carta por pontos», como existe em tantos países?
    Tanto quanto sei, é eficaz, pois a ameaça (bem real) de ficar sem carta e de ter de fazer novo exame de condução é altamente dissuasora.
    Mais ainda do que uma multa, pois umas dezenas de euros são "trocos" para muita gente.

    Ainda há dias, um Mercedes esteve 7 dias (24/24horas) estacionado num estacionamento reservado aos CTT, na Av. João XXI.
    Foi multado uma única vez (em 19,95 euros). Compare-se quanto pagaria num parque de estacionamento... E note-se que, se fosse num parquímetro, teria de ir meter moedas de 4 em 4 horas.

    A ideia de que «infringir compensa» é das coisas mais corrosivas que pode haver numa democracia - mas isso, como se sabe, não é coisa que preocupe minimamente "quem de direito" - mesmo aqueles cuja profissão é "preocuparem-se a tempo inteiro".

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  7. Só lamento que sejam uns poucos cidadãos a preocuparem-se com esta aberração consentida e PRATICADA pelas autoridades autárquicas e policiais, que é o estacionamento caótico, abusivo, vergonhoso, despreocupado, selvagem, provocatório, ilegal, etc.

    Continuo na minha, tem de ser junto das autoridades, a pressão para que isto acabe, talvez daqui por uns largos anos.

    Acho que outros autocolantes devem ser enviados às pessoas responsáveis e colados nas portas, janelas, caixas de correios e nas proximidades das instalações da polícia e autarquias a envergonhá-los. Felizmente que, neste sentido, há autarquias no nosso país que zelam pelos seus munícipes. Não falo evidentemente de Almada, Lisboa, Setúbal, Seixal, Lagos ...

    LC

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  8. Caro LC,

    1 - Pelo menos de 2ª a 6ª-feira, se passar à porta da Assembleia Municipal de Lisboa, verá os carros e carrinhas da P. Municipal (e outras, diversas, da CML) estacionados logo a seguir ao sinal de paragem proibida.
    Podiam lá meter um pequeno letreiro branco (a dizer «Excepto serviço da AML»), mas nem a esse trabalho se dão - achando que estão acima da lei.

    2 - Na rua perpendicular à rua do Arsenal, onde há um parque de estacionamento do Ministério da Administração Interna (o das polícias), poderá ver como os carros estão estacionados...

    -

    Em ambos os casos, trata-se de gente que nem sequer percebe o que é a força do exemplo. Nem mesmo vê que se desvaloriza procedendo assim. Que formação terão?
    E os respectivos chefes? Pactuam, ou fazem o mesmo?

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  9. Ainda para LC:

    Conheço bem o caso de Lagos, onde passo boa parte do ano.

    No aspecto do estacionamento, a autarquia disponibiliza uma infinidade de parques gratuitos (a maioria de boa qualidade de piso, marcados, etc).
    Mesmo os que agora são pagos, são baratos (o da Praça de Armas, subterrâneo, custa 25 euros / mês!).

    Mas a autarquia não dispõe de Polícia Municipal, pelo que a repressão do estacionamento selvagem (que é o ex-libris da cidade) compete à PSP, o que faz com a (in)eficiência que toda a gente pode ver.

    Em casos desses, a inspecção do MAI (ou será que não existe?!) teria muito com que se entreter, e muita gente devia ser mandada para casa, com guia-de-marcha.

    De facto, como se compreende que, p. ex., a PSP de Beja seja implacável, e a mesma corporação, noutras terras, não o seja?
    Essas forças policiais funcionam em auto-gestão, ou já estamos como nos EUA, em que as leis (neste caso o Código da Estrada) variam de estado para estado?

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  10. Não tem nada a ver com o estacionamento selvagem mas sim com a educação das pessoas. E quando essa educação não vem do "berço", não é depois de crescidinhas (e muitas delas com lares, filhos e responsabilidades na sociedade), aprendem as regras de civismo e o comportamento em sociedade. E não é necessário nascer em berço de ouro para que exista educação ou bons comportamentos. Eu sou de origem humilde mas lembro-me de, em pequenino, os meus Avós e Pais ensinarem-me a respeitar os mais velhos, a não discutir, gritar, ameaçar, no fundo como diziam naqueles tempos "faltar ao respeito" fosse a quem fosse. E andei sempre com esses ensinamentos pela vida fora até aos dias de hoje, ensinei-os aos meus filhos e depois aos meus netos (que ainda levam umas "lições" sempre que necessário, pois já andam na escola. Resumindo, hoje, no Largo do Calvário em Alcântara, existe uma Divisão da PSP que possui uma esquadra onde invariavelmente no seu exterior encontram-se grupos de polícias que entram e saem de patrulha móvel (apeada dá cabo dos calos, cansa um bocadito e gasta a sola dos sapatos) que paulatinamente deixam passar viaturas civis nacionais e de matrícula estrangeira, pelos corredores BUS devidamente assinalados (um deles antecedido com sinal de sentido proibido, excepto transportes públicos), viaturas que estacionam em cima do passeio, ocupando-o na totalidade, do lado do Minipreço para descarregarem mercadoria quer para aquele minimercado, quer para a loja dos Trezentos, da sapataria Seaside, do Talho ou dos chineses logo a seguir (mesmo em frente à porta da esquadra) e nada fazem no sentido de fazerem cumprir as leis. E para cúmulo (e isto parece anedota mas juro que é pura verdade) um rapazote dos seus 13 a 15 anos, andava com um velocípede TT nesses corredores BUS, em contra-mão, a fazer cavalinhos, dava a volta pela linha dos eléctricos, passava à porta da esquadra como que a gozar, pensando que era o maior ali do sítio! Por sorte, um autocarro da Carris não o passou a ferro pois o rapaz andava tão inebriado com as habilidades que estava a mostrar às pessoas, que nem deu pela viatura... Isto, meus caros, é absolutamente incrível e só posso conceber este tipo de situações em países abaixo de 3º. nível.

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  11. Temos monólogo de um reputado especialista em criminologia... mas espera, o homem não é eng?

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