por falar em ciclovias

Nesta foto, gentilmente cedida por um leitor, podemos observar três realidades:
1.ª realidade: Ciclovia criada no meio de um passeio, roubando o espaço dos peões;
2.ª realidade: Peões em amena cavaqueira no meio da ciclovia;
3.ª realidade: Automóvel a bloquear a ciclovia.
Quid iuris?

25 comentários:

  1. Falta uma realidade: não se vê ninguém a andar de bicicleta!

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  2. É verdade que naquele instante em que foi tirada a fotografia, não está ninguém a andar de biciclete, mas se pensarem que existe uma MINORIA que troca o carro pela biciclete... a ciclovia já faz sentido, e menos um carro a circular já é um começo. Não sejam gananciosos ao querer todo o espaço disponível para os peões. E agora..... venham as bocas.....

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  3. Agora só falta os ciclistas mandarem vir com os peões por estarem a ocupar a ciclovia..... e que tal iniciar um blogue sobre esse assunto?? "Tirem as patas da ciclovia..."

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  4. Então vejamos:
    As bicicletas são veículos que podem atingir velocidades na ordem dos 30 ou 40 Km/h, logo não devem andar nos passeios e se o fizerem é sempre com prioridade total para o elo mais fraco – o peão;
    Se o que se pretende é incentivar as pessoas a andar de bicicleta em vez de carro, então deve-se onerar os carros e não os peões – as ciclovias devem ser feitas em prejuízo do trânsito automóvel.
    Mas claro, isto é quando há vontade politica e não mero interesse estatístico em poder afirma a Bruxelas que Lisboa tem não sei quantos km de ciclovias; se são transitáveis isso já não interessa porque , a bem dizer, o portuga gosta de andar de bike mas é ao Domingo.

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  5. As bicicletas são para andar na estrada. São veiculos e como tal é na estrada que têm que andar. As ciclovias no passeio é para ciclistas de fim de semana de manha.

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  6. Ao anónimo das 12:28: Aconselho-o a ir passar um fim-de-semana a Helsínquia, por exemplo. A grande maioria das ciclovias são no passeio. Só se fazem ciclovias pela estrada quando o passeio é demasiado estreito para peões e bicicletas (e vi zonas em que o passeio pouco mais tinha que 1m).

    Já agora, é normal as pessoas cá gostarem de andar pela ciclovia, visto que são raros os ciclistas que lá passam e o piso é melhor que no passeio. Quando cheguei à Finlândia também o fazia, ainda por cima lá as ciclovias não são tão bem assinaladas como cá (às vezes é apenas um traço pintado no passeio que o divide em dois. A metade mais próxima da estrada é a ciclovia). Contudo bastaram umas razias de pessoal de bicicleta para perceber que andar na ciclovia é tão ou mais perigoso que circular na estrada, pelo que rapidamente aprendi a lição.

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  7. Já agora, três fotos para demonstrar o que expliquei no comentário anterior. São todas na Finlândia.

    http://tinyurl.com/y8okfba

    http://tinyurl.com/ybv3puk

    http://tinyurl.com/ybfsf8b

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  8. Sou utilizador de bicicleta, concordo que o lugar da bicicleta é na estrada pois é um veículo, sinto que o codigo de estrada devia estar mais pronto para essa realidade, ainda por cima as ciclovias são feitas por arquitectos, enquanto as estradas são feitas por engenheiros civis, o problema é que no código da estrada diz que sempre que há aquele sinal azul que se vê na foto é por lá que o ciclista tem de ir.
    Mas, peões que exigem respeito devem-no dar, por exemplo, respeitando a ciclovia para os ciclistas. O mesmo se aplica aos automobilistas.

    flepis

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  9. Caro anónimo, só um provincianismo atroz pode concluir que tudo o que se faz lá fora está bem feito. Lá por se ter feito ciclovias no passeio em vários países de Europa no passado, não torna esta opção legitima ou recomendável - é tão só a manifestação do paradigma automóvel no que de mais cínico existe.

    Felizmente para os Finlandeses já sabem que fizeram asneiras e avisam:
    "Um estudo recente em Helsínquia mostrou que é mais seguro andar de bicicleta entre os carros que em pistas de bicicleta bi-direccionais ao longo das ruas. É difícil de imaginar que a nossa rede ciclável possa ser reconstruída. Mas em países e cidades que estão neste momento a começar a construir ciclovias, Pistas Cicláveis Bi-direccionais devem ser evitadas em arruamentos urbanos."
    Eero Pasanen, The risks of cycling, Helsinki City Planning Department, 2001, Helsínquia, Finlândia.


    The Safety Effect of Sight Obstacles and Road Markings at Bicycle Crossings, M Rasanen and H. Summala, Traffic Engineering and Control, 1998.
    Analisa a visibilidade dos motoristas quando atravessam uma pista ciclável e se preparam para virar. Alto risco de acidente quando motoristas viram à direita e o ciclista vem da direita. Comparado com a situação normal num cruzamento, os ciclistas e motoristas encontraram estratégias próprias para resolver o problema com resultados perigosos.

    Ler o artigo do Mário Alves para perceber melhor o problema:
    http://mariojalves.googlepages.com/problemas_segregacao_bicicleta.pdf

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  10. Temos que desmistificar esta ideia que as bicicletas têm que circular em circuitos fechados onde peão não pode passar.
    Se pensarmos que as vias públicas não são, em alguns casos, muito largas será necessário um convívio cívico entre todos os utilizadores (este veículo e mais concretamente o seu dono não estão neste registo)...
    Quem tiver oportunidade de visitar Hamburgo ou Berlim (basta visualizar fotos destas cidades na Net) pode observar que as ciclovias são muito mais simples, e como tal baratas, e tanto estão nos passeios como podem passar para a estrada, e todos convivem naturalmente com esta realidade. Respeitam-se as pessoas, respeita-se o código da estrada (também os cliclistas) etc. Porque a bicicleta é vista como veículo de transporte e como tal sujeito às regras do código. Muitos ciclistas em Lisboa nem as regras mínimas respeitam colocando-se em situação de perigo.
    Lisboa devia ser dotada de ciclovias à imagem destas duas cidades (existem mais na Europa utilizando esta solução – desenhar apenas a ciclovia) e não de percursos que parecem preparados para irmos passear ao fim de semana.

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  11. http://ciudadciclista.org/pmf_vias_segregadas/

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  12. José Rodrigues, não se trata de mistificar basta ler um pouco sobre o assunto para saber que o uso dos passeios é perigoso para ciclistas e peões.

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  13. Não quererão dizer «mitificar» ou «desmitificar», é que isto parece ter pouco de «mistico»!

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  14. Alguém mostre estatisticas que provem que o uso dos passeios é perigoso para ciclistas e peões. Sim, porque é mto fácil falar sem evidências como é hábito em Portugal.
    Na Alemanha levei um sermão de uma ciclista numa cidade do interior (em todas existem ciclovias partilhadas com passeios) porque estava parado no passeio. Calei e assumi que estava errado e era bom que aqui se habituassem ao mesmo.
    Entretanto continuo à espera da estatística de acidentes em ciclovias em passeios.

    É mto fácil dizer que os ciclistas devem andar na estrada. Isso seria o ideal num país de condutores civilizados, mas aqui não é possível.

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  15. "As bicicletas são para andar na estrada. São veiculos e como tal é na estrada que têm que andar. As ciclovias no passeio é para ciclistas de fim de semana de manha."
    Engraçado, os passeios tb são para os peões e no entanto é o que se vê de carros neles, e os que tanto criticam os ciclistas aqui, provavelmente nem pensam duas vezes quando estacionam o seu carro num passeio.

    E quanto aos passeios serem para ciclistas de fim de semana, eu ando neles todos os dias porque existem demasiados atrasados mentais atrás de um volante. E quando vou com o meu filho atrás nem penso duas vezes.

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  16. ---------- Forwarded message ----------
    From: Mario Alves
    Date: 2005/5/10
    Subject: Re: [bicicletada_lx] bicicletas no passeio
    To: [email protected]


    > > O código permite a circulação da bicicleta nos passeios?

    Utilizando já o novo Código da Estrada (Decreto-Lei nº 44/2005
    de 23 de Fevereiro):

    «Passeio» é definido (artº 1º Definições legais CE) como superfície da
    via pública, em geral sobrelevada, especialmente destinada ao trânsito
    de peões e que ladeia a faixa de rodagem;

    «Peão» é toda a pessoa singular que anda a pé pelos passeios, pistas,
    passagens (inclusive superiores e inferiores) a elas destinadas ou, em
    caso de ausência, pelas bermas das vias públicas (artºs 1º, als. a),
    m), n), p) e 99º n.º 1 CE).

    Poderão utilizar os passeios os equiparados a peões (art.º 104º CE): a
    condução de carros de mão; a *condução à mão de velocípedes* de duas
    rodas sem carro atrelado e de carros de crianças ou de pessoas com
    deficiência; o trânsito de pessoas utilizando trotinetas, patins ou
    outros meios de circulação análogos, sem motor; O trânsito de cadeiras
    de rodas equipadas com motor eléctrico; a condução à mão de
    motocultivadores sem reboque ou retrotrem.

    Pode parecer que não em Portugal, mas veículos só podem utilizar as
    bermas ou os passeios desde que o acesso aos prédios o exija, salvo as
    excepções previstas em regulamento local (Artº 17º CE). O Novo CE
    Estabelece a coima em E 60 a E 300 para quem infringir o disposto
    anteriormente.

    Ora o CE português, e muito bem, define claramente (Artº 112º) que um
    velocípede é um veículo (com duas ou mais rodas accionado pelo esforço
    do próprio condutor por meio de pedais ou dispositivos análogos).

    Da análise comparativa de Códigos e Normativas de 15 países Europeus
    que tive à ocasião de fazer por outros motivos, todos eles proíbem a
    circulação de bicicletas nos passeios. Uma excepção, em França, para
    crianças com menos de 8 anos. Creio que o Gregor acrescentou que na
    Alemanha tb. Acho que faz sentido:

    Article R412-34

    I. - Lorsqu'une chaussée est bordée d'emplacements réservés aux
    piétons ou normalement praticables par eux, tels que trottoirs ou
    accotements, les piétons sont tenus de les utiliser, à l'exclusion de
    la chaussée.
    Les enfants de moins de huit ans qui conduisent un cycle peuvent
    également les utiliser, sauf dispositions différentes prises par
    l'autorité investie du pouvoir de police, à la condition de conserver
    l'allure du pas et de ne pas occasionner de gêne aux piétons.


    Mas, muito mais importante que a lei, são as razões de segurança (para
    o ciclista e para o peão), a perca de estatuto da bicicleta como
    veículo e o bom-senso que não aconselham o uso dos passeios.

    Uma das referencias mais conhecidas e´ o artigo de Wachtel, Alan, and
    Diana Lewiston. 1994. Risk Factors for Bicycle-Motor Vehicle
    Collisions at Intersections. ITE Journal. September. pp. 30-35. Neste
    artigo declaram que um ciclista a pedalar contra o fluxo normal do
    tráfego aumenta o risco de acidente em 360%, a circular sobre o
    passeio aumenta o risco de acidente em 180% (sentido do tráfego) ou em
    430% (no sentido contrario ao tráfego). Procurar protecção do passeio
    é um dos erros mais comuns e mais referenciados em literatura de
    segurança de bicicletas. Infelizmente é um mito que persiste entre
    alguns ciclistas e técnicos que é importante e urgente terminar.

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  17. (cont.)

    Se procurarem no Google as palavras Bike e Sidewalk encontrarão
    inúmeras referências sobre o problema. Só alguns exemplos:

    Autoridades Locais:
    http://www.city.toronto.on.ca/cycling/sidewalk.htm
    Many cyclists ride on the sidewalk because they are afraid of cars.
    But choosing to ride on the sidewalk does not eliminate the risk of a
    car and bike collision. Cycling on the sidewalk is a contributing
    factor in 30 per cent of car and bike collisions.


    Grupos de Ciclistas:
    http://www.cfsc.ottawa.on.ca/BetterBicycling/2002Summer/sidewalk-french.shtml
    Rouler sur les trottoirs, particulièrement au centreville, peut être
    extrêmement dangereux. Pensez-y : vous devez partager cet espace
    étroit avec les piétons (qui se déplacent dans les deux sens, certains
    d'entre eux avec leur chien en laisse), le mobilier urbain, les
    parcomètres, les arrêtsd'autobus, les fauteuils roulants, les
    enseignes, les poubelles et peut-être même les personnes en patins à
    roues alignées ou en trottinette.


    Especialistas em segurança de bicicletas:
    http://staff.mwsc.edu/~bhugh/bikesafetyfactsheet.html
    Bicycling On-Street (even on 35 MPH+ streets) is Safer than Cycling on
    Off-Street Paths or Sidewalks.


    Livros:
    http://www.amazon.co.uk/exec/obidos/ASIN/0117020516/qid=1109947950/ref=sr_8_xs_ap_i1_xgl/026-7651059-6734024
    Franklin, John, Cyclecraft, livro recomendado pela Royal Society for
    the Prevention of Accidents do Reino Unido:
    "It is illegal to cycle on the footway (or pavement) alongside a road,
    and you should not do so. In any case, footways are not designed for
    typical cycling speeds and riding on them is inevitably more hazardous
    than on the carriageway".

    Desculpem lá este "testamento" mas já tinha isto tudo escrito.

    Esta, tal como outras questões relativas à segurança de bicicletas, é
    contra-intuitiva. Por isso mesmo compreendo que haja resistência em
    aceita-la.

    E como em todas as regras há ocasiões (raras) que convêm o ciclista
    ponderar subjectivamente a sua segurança e optar por não cumprir a lei
    e usar o passeio sem pôr em perigo os peões.

    Mário

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  18. Querem ver que vou ter de comprar uma bicicleta? E como não tenho espaço em casa, acham que a posso deixar no passeio presa com uma corrente na grade da janela do armazem que existe na cave do prédio?

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  19. A não perder: http://diariodotripulante.blogspot.com/2010/02/e-para-terminar-semana-la-teria-de.html

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  20. Parece-me que facilmente se pode aferir empiricamente, independentemente de todos os estudos, é que é muito diferente a situação de alguém que anda a passear de bicicleta, de um grupo de bttistas que anda a testar os limites das suas capacidades cardíacas e até de alguém que utiliza a bicicleta como meio de transporte e está com pressa.
    Eu ando de bicicleta nas três situações e sinto que o impacto junto dos peões é completamente diferente, quando vou até Guincho de bicicleta é impensável fazer a ciclovia, já cheguei a dar naquela recta 40km/h, seria suicídio ir no meio dos passeantes.
    Quando vou trabalhar é impraticável ir na ciclovia, demorava o dobro do tempo com aqueles desvios todos e paragens, etc.
    A única proveito que tiro da ciclovia é quando vou com o filhote.

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  21. AA, concordo e compreendo perfeitamente que só uses a ciclovia com o teu filho. Mas tal poderia ser feito sem problemas nenhuns sem ciclovia - apesar de ser ainda ilegal, não estou a imaginar um polícia a multar uma criança no passeio.

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  22. Sim, se eles não multam carros no passeio, era bonito vê-los a multar uma criança no passeio. Mas nada me admira...

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  23. "Procurar protecção do passeio
    é um dos erros mais comuns e mais referenciados em literatura de
    segurança de bicicletas.". Estou curioso em conhecer evidências em relação a isto, pois não estou a ver um ciclista ser atropelado no passeio. No entanto posso mostrar factos relativos a ciclistas serem atropelados na estrada regularmente. Quem foram os génios que chegaram a esta brilhante conclusão dos passeios?

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  24. Eu não fui... Mas já malhei na calçada, chuva em calcário não há borracha que agarre.

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  25. madeinlisboa, não há melhor receita para ficar debaixo de um carro que combinar ignorância com arrogância. Os "génios" foram pessoas que passaram muitos anos a ler, a estudar e analisar estatísticas de segurança de bicicleta em meios urbanos. Leia com atenção os comentários acima com genuína curiosidade e lá encontrará as referências e as "brilhantes conclusões" que lhe poderão salvar a vida.

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