Morei uns quantos anos em Espanha...

Recebemos este testemunho de um leitor:

Morei uns quantos anos em Espanha, e quando lá cheguei devo confessar que também estacionava em cima dos passeios e onde me era mais próximo e cómodo, à boa moda portuguesa. Depois de me terem rebocado o carro 2 vezes, ambas menos de 2 horas após ter estacionado indevidamente, aprendi a minha lição e aprendi a ver que lá é realmente raríssimo ver um carro em cima do passeio.

Com o decorrer do tempo habituei-me "mal" ao facto de não existirem carros nos passeios, e agora que voltei para Portugal tenho uma grande dificuldade em conviver com esses carros mal estacionados, pois parece-me duma falta de respeito incrível.

Creio que sou um exemplo vivo que efectivamente podemos mudar a nossa mentalidade e a nossa visão dum cenário, ainda que já estejamos muito habituados a ele.

Actualmente não estaciono NUNCA em cima de passeios, passadeiras, e outros locais onde o meu carro possa estorvar a livre circulação de peões, ainda que por vezes tenha de andar mais um pouco (ou muito) para chegar ao meu destino. Afinal, a responsabilidade é minha!

15 comentários:

  1. Sim, os condutores são muito mais civilizados a estacionar e a polícia espanhola também não brinca em serviço.
    Lembro-me de há uns 8 anos ter passado férias na zona de Cádiz e o meu pai se ter armado em esperto, estacionando num beco em cima do passeio, na esperança de, uma vez que quase não passava lá ninguém (visto ser um beco), não ser autuado.
    Pois para além de autuado foi rebocado e ainda fomos a pé para a esquadra buscar o carro.

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  2. Quando aqui a própria polícia estaciona em cima do passeio e há sinais que permitem o estacionamento neles, acho que está tudo dito.

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  3. Sim, atravessa-se a fronteira e é outra realidade. A toda esta gente que acha que tem o direito de atrapalhar a vida dos outros, estacionando os carros nos passeios, fazia bem uma estadia de alguns meses em Espanha (é o país mais perto), juntamente com os seus automóveis. Lá aprende-se depressa...

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  4. Só é pena ter que se ir viver para Espanha para se aprender uma coisa tão simples que bastaria o bom senso para se a evitar...

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  5. Mais uma razão para a fusão Portugal-Espanha :)

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  6. Que interesse poderiam os espanhóis ter nessa "fusão"? Nem o interesse económico têm: já dependemos deles economicamente!

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  7. nao coneheço, mas especularei que Espanha não será propriamente um bom exemplo, assim como todos os países do Sul da Europa em geral, reconhecidamente atrasados algumas decadas em relação ao Norte da Europa. Relativamente ao autor do post, o convertido, fique sabendo que provavelmente ninguem aqui nasceu ensinado e somos quase todos convertidos, nao?

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Caro anónimo das 17:31: só o facto de não conhecer permite explicar que diga que "especula" que uma cidade espanhola não será propriamente um bom exemplo. É verdade que os sul-europeus são menos civilizados do que os europeus do Norte. Mas nós, em Portugal, estamos ainda num plano inferior a esse: na escala civilizacional, somos uns sub-sul-europeus. Estamos a milhas de países como Espanha, França ou mesmo Itália. Se houvesse um mapa, não com distâncias quilométricas, mas com "distâncias civilizacionais", Espanha não estaria já aqui ao lado, estaria bem mais longe. Quando tiver ocasião, visite uma cidade espanhola e veja a diferença, com os seus próprios olhos. Começa logo na não existência da dependência face ao automóvel que existe por cá - veja este exemplo de Madrid em http://menos1carro.blogs.sapo.pt/179938.html#comentarios
    e compare com este de Almada em http://anossaterrinha.blogspot.com/2009/09/oposicao-rua-pedonal-em-almada.html

    Veja este exemplo de Paris em http://anossaterrinha.blogspot.com/2009/09/paris-e-carros-em-cima-dos-passeios.html
    Ou este de Montpellier em http://anossaterrinha.blogspot.com/2009/10/o-exemplo-de-montpellier.html

    Tudo cidades do sul da Europa. Não são é no mesmo sul que o nosso...

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  10. A propósito, visitei duas cidades espanholas no norte, país basco, e cadê os carros nas ruas, mesmo bem estacionados? Não acreditava que os "pobrezitos" habitantes dessas cidades não tivessem carro. Têm, mas estão em garagens, particulares e em parques de estacionamento.
    Quanto agradável era passear pelas largas ruas desses locais.

    Mas a nossa esperança não deve morrer. Aqui no "burgo" (por acaso uma cidade era Burgos)daqui a uns largos anos também assim será.

    Ainda hoje no Concelho de Almada, num passeio bem largo, assisti incrédulo a uma "menina" já entradota, a circular com o seu carrinho (por acaso não era nenhum desses jipalhões grandalhões)muito serenamente por cima do passeio, em paraleo à estrada, aí nuns 80 metros, e depois lá parou junto à paragem dos autocarros.
    Isto em pleno centro de um lugarejo chamado Laranjeiro.

    Hoje é assim, um completo desprezo pelos outros, mas o mal nem sempre há-de durar.

    LC

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  11. Quando os "alcaides" espanhóis decidiram renovar as suas cidades tiveram de lidar com o protesto de comerciantes, taxistas, oposições políticas, que se manifestaram com o mesmo cepticismo com que se manifestam as suas congéneres deste lado da fronteira.
    Nos anos setenta do século passado eram frequentes os acesos debates entres os projectistas da Copenhaga actual e opiniões mais conservadoras de então.
    O anterior "mayor" londrino enfrentou 70% da opinião pública que se opôs ao seu sistema de cobrar a entrada de carro no centro da cidade. Dois anos depois 70% eram a favor do aumento dessa zona.
    As alterações que mexam com o estado das coisas nas cidades, que envolvam o carro e o "conforto" comodista que ele proporciona são sempre alvo de discórdia e inflamadas discussões, por isso faz falta coragem política alicerçada em sólidos conhecimentos técnicos para que a mudança de que Lisboa necessita, bem como outras tantas cidades lusas, comece duma vez por todas a moldar o nosso futuro.
    Ou então podemos sempre continuar a perder tempo...

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  12. O mais difícil de mudar é a mentalidade de milhares de pessoas ao mesmo tempo. Há que o fazer gradualmente, mas mesmo assim, só com certas punições é que a situação se endireita. Quando temos pessoas que são incapazes de apagar uma beata num caixote do lixo (têm em cima uma zona para apagar cigarros) e preferem "amandar" (eu sei que escrevi mal) a dita beata para o chão, está tudo dito. Acham que essas pessoas se vão preocupar com o "peãozinho" que lhe quer tirar o comodismo de ter o carro à porta?

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  13. Estimado "The caped crusader", o autor deste relato fui eu.
    E sim, por vezes é preciso ir viver para Espanha (ou qualquer outro local onde haja civismo no estacionamento) para nos apercebermos do que andamos a fazer. Ou por acso acha que não somos "fruto da nossa aprendizagem", e que importamos os hábitos que vemos aos nossos pais, tios, e afins?
    Por vezes mudamos de hábitos por nós próprios e por nos apercebermos de que o que andamos a fazer não é correcto, outras precisamos mesmo que nos façam ver isso!

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