Opinião

O Automóvel Club de Portugal divulgou um comunicado em que, entre outras coisas - sempre a favor da circulação automóvel em prejuizo de alternativas de transporte público ou de mobilidade suave - declara-se contra a proposta de eléctricos rápidos por ser esse "um modelo utilizado internacionalmente para cidades pobres, como Bogotá".

Publicamos aqui uma reacção a esse comunicado do ACP, assinada pelo seu autor.


O novo-riquismo é uma doença de carácter que se caracteriza pelo medo-pânico de parecer pobre. Conduz a comportamentos frequentemente ridículos de ostentação desenfreada, e impõe a quem sofre dessa doença um estado de sobressalto permanente. Tem entre pessoas que enriqueceram derrepente as suas vítimas preferenciais, mas, mais raramente, atinge pessoas já nascidas ricas e, ainda mais raramente, atinge instituições.

Como não há nada que faça supôr que as ideias adoptadas por países pobres são necessariamente más (ou boas), julgo que o ACP foi tomado por um surto agudo de novo-riquismo quando esgrimiu como argumento contra a proposta de criação de linhas de electricos rápidos em Lisboa o facto de ser "um modelo utilizado internacionalmente para cidades pobres, como Bogotá".

Sem chegar a entrar no mérito dos eléctricos rápidos, não posso deixar de apontar o carácter tacanho da argumentação do ACP, que, de resto, é perfeitamente condizente com a cultura de fetichismo automobilístico que impera em Portugal. É o carro como símbolo de poder, instrumento de ostentação de uma riqueza que, às vezes, falta para as prestações da casa. "Eléctricos, bicicletas, autocarros, combóios, bah, isso é coisa de pobre", é o que, tirado o verniz, fica do comunicado do ACP.

Mário Negreiros

PS: Por acaso, não me consta que Lisboa seja uma cidade rica.

21 comentários:

  1. Mas ainda há alguém que dá atenção ao que esse indivíduo diz? Sempre que abre a boca é para dizer disparates! É fingir que nem existe...

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  2. Acertou em cheio no medo que o português tem de parecer pobre. O carro não é apenas comudismo é uma forma de mostrar que pode, quando na realidade não tem dinheiro para comer nem pagar a casa e chega ao fim do mês individado com créditos.
    Uma analogia perfeita na nossa sociedade tacanha é o facto de que quem se veste bem é mais profissional e eficiente do que quem anda de ganga e t-shirt.
    Um país de ricos de aparência mas pobres de espírito.

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  3. perdão, logicamente que queria dizer endividado

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  4. Que pena o senhor barbosa não ir para bogotá...

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  5. E o mais engraçado é que nas cidades dos países mais ricos da Europa há eléctricos rápidos. Amesterdão, Estrasburgo, Berlim, Paris, Milão, Viena, são apenas alguns exemplos.
    Nem honesto o homem é.

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  6. O que é que o homem disse, além disso? Porque não acusa ele o Santana Lopes de não perceber nada de mobilidade?

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  7. O ACP tem primado por intervenções cada vez mais desesperadas e estapafúrdias.

    O carro já não é o centro do mundo, Sr. Barbosa.

    Eu até gosto muito de carros (tenho 3 lá em casa), mas acho que o carro não é uma extensão do nosso ser, como o tuga acha que é, mas sim um bem utilitário, bons para umas coisas e não tão bons para outras.

    E o anúncio da BOSH que diz que o carro é o melhor amigo do homem? Ridículo!

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  8. Luis Filipe Carvalho30 de julho de 2009 às 17:19

    Eu também manisfestei a minha estupefacção por estas palavras, mesmo sendo um clube com o nome de Automóvel, mas certo é que é formado por pessoas que se esperava fossem sensatas e correctas na apreciação dos problemas do dito.

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  9. “eu também não quero governar para os carros, quero governar para as pessoas, mas são as pessoas que têm menos posses, que não têm outro forma de se deslocarem sem ser de carro, que precisam dele para levar os filhos às creches”

    Santana Lopes dixit

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  10. Anónimo das 18:28, desculpe mas essa do Santa Lopes é mesmo transcrição da notícia? É que ou entendi muito mal ou estou com um ataque de estupidez natural... :) "quero governar para as pessoas, mas são as pessoas que têm menos posses, que não têm outro forma de se deslocarem sem ser de carro, que precisam dele para levar os filhos às creches"??? Então as pessoas que têm menos posses é que não têm outra forma de se deslocarem para levarem os filhos às creches sem ser de carro? É pá!!! Tirem-me deste filme que já estou a ver tudo a black and white!
    Não tem nada a ver com este assunto mas hoje recebi um e-mail já reencaminhado de milhentas origens, dirigidos aos tugas automobilistas, com o seguinte título: «TODO O CUIDADO É POUCO. PARA A TUA E PARA A NOSSA SEGURANÇA. Assunto: Caça à Multa.... Atenção!!!» e depois começa assim: «A TODOS OS QUE CONDUZEM EM PORTUGAL. Não andem devagar ..e vão ver depois depois mais tarde na caixa do correio uma... agradável surpresa... ». O conteúdo deste e-mail, segundo o seu presumível autor que é, segundo afirma, «Já agora, eu sei do que estou a falar... TRABALHO HÁ 8 ANOS NAS EQUIPAS DE VIGILÂNCIA DA DGV...Anónimo Por motivos óbvios... PS: Depois de lerem a descrição acima, enviem esta informação para o máximo de amigos e conhecidos.
    » descreve todos os tipos de carros da GNR (matrículas incluídas), marcas, cores e modelos das viaturas com os novos radares, onde estão situadas, bom... se isto é tanga ou não, desconheço porque isto de receber e-mails como vcs sabem, ou é treta, ou é mesmo a doer, mas se o tipo é da DGV então está mais que informado mas porquê a divulgação de um assunto que seria de confidencialidade dentro da GNR? Descontente com o salário? Algum castigo ou processo disciplinar? Eu penso que este é, actualmente e desde há anos a esta parte, o pensamento tuga automobilista: (desculpem o termo) cagar no Código da Estrada, enganar a polícia (seja ela qual for) e fazer o maior número possível de merda porque assim que se sentam ao volante ficam atacados de uma virose qualquer que os transforma radicalmente. Não falo da generalidade porque felizmente existem muitas excepções a este tipo de mentalidades, mas quase todo o pessoal que conheço pensa assim. E é triste!

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  11. Quanto ao ACP, penso que não nos deve preocupar, nem ocupar o nosso tempo.
    Como se costuma dizer: " Quem é que elogia mais a noiva, senão o noivo?"
    Aqui neste caso, o ACP é um clube de automobilistas-sócios, e os seus dirigentes "não podem" afirmar-se contra o automóvel, penso eu.

    Portanto, todas estas patacoadas são para ignorar, até porque felizmente não são poder.
    LC

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  12. Para além da imbecilidade das palavras desse senhor Barbosa, tb revela enorme ignorância: Bogotá não tem eléctrico!

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  13. a DGV já não existe há uns anos... Agora existe o IMTT. Instituto da Mobilidade e Transportes Terrestres(?)

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  14. A história dos carros serem para as pessoas de menos posses levarem as crianças para a escola e para a creche foi mesmo dito assim pelo Santana Lopes no frente a frente com o António Costa. Também não me pareceu fazer sentido, mas efectivamente foi assim q ele disse. Podem confirmar no site da SIC. Está lá o programa.

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  15. Só mesmo na cabeça de algumas pessoas é que o eléctrico pode ser sinónimo de um país pobre ou pouco desenvolvido.

    Basta ir aqui ao lado, a Barcelona, e ver linhas de eléctricos sumptuosas, com relva linda e cortadinha a crescer no meio dos trilhos, com imensa gente a usá-los. Para mim, o eléctrico sempre foi sinómino de um povo/cidade desenvolvido e atento a problemas como o da poluição.

    E agora para o senhor do ACP: O senhor acha que o metropolitano - para dar um exemplo mais óbvio - é movido a quê? a diesel? Está bastante claro, de há bastantes anos para cá, que os transportes movidos a electricidade são os mais não-poluentes, menos ruidosos e melhor adaptados ao meio urbano. Esse senhor do ACP porventura desconhece os carros eléctricos que estão a ser desenvolvidos pelos principais construtores de automóveis para fazer face à crise do petróleo que aí vem?

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  16. sobre Bógótá, uma cidade, que, apesar de pobre, é um exemplo internacional de boas políticas de mobilidade:

    http://www.carectomy.com/livin%E2%80%99-la-vida-buena-progressive-planning-in-bogota/

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  17. carros electricos pa demorar quase um dia a carregar baterias?

    venham os carros a hidrogenio

    http://www.youtube.com/watch?v=4AUurBnLbJw

    AP

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  18. Meus Amigos,
    Há já algum tempo que pensava inscrever-me como sócio no ACP. É óbvio que já desisti enquanto este presidente lá continuar.
    Penso que seria boa idéia as pessoas deixarem de ser sócias ou não querendo desistir de pertencer ao ACP, deveriam manifestar-se contra as posições terceiro-mundistas deste Carlos Barbosa, através de cartas e nas respectivas Assembleias.

    Filipe Campos

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  19. O eléctrico em Lisboa foi aos poucos desmantelado e desmobilizado...e porquê? porque atrapalha a circulação do automóvel!! dúvidas?

    e isso do automóvel eléctrico resolver a crise do petróleo...onde pensam que se vai gerar a electricidade para os carregar??

    e os problemas dos carros que não estão inerentes ao combustivel??? (espaço ocupado, estacionamento indevido, acidentes, etc.)

    veículos eléctricos válidos são os de transporte colectivo...dividir o mal por muitas cabeças...cá um autocarro deixou de ter prioridade ao sair da paragem.....CLARO 30 pessoas têm de se rebaixar para 1 automobilista passar....acentua o "pobres de espírito"!

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  20. Na rua de S. Bento em Lisboa, acabaram com os eléctricos porque prejudicavam o trânsito automóvel (foi mesmo a justificação oficial). Agora há sempre problemas com carros parados em segunda fila e autocarro.
    Biba o lobby automóvel e do petróleo!

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