Um apanhado europeu

Publicamos de seguida várias fotos que um leitor gentilmente nos concedeu.

Embora algumas imagens sublinhem a aposta nas bicicletas como alternativa à mobilidade, convém relembrar o enquadramento dessas estratégias; ou são acompanhadas por restrições ao uso do automóvel, ou por uma reformulação corajosa do espaço público onde os peões são claramente favorecidos.

É óbvio que o carácter urbanístico destas estratégias obrigam a que todas elas sejam iminentemente escolhas políticas das respectivas autarquias. Os políticos adiantaram-se ou foram pressionados? Essas estratégias foram decididas ou foram exigidas?

Repare-se no nível de discussão: o que está em jogo é apenas as valências do convívo entre peões, bicicletas, transportes públicos e automóveis. O estacionamento ilegal é algo que já foi superado.

De seguida, os comentários do mesmo leitor:

Colónia, Alemanha




Andar de bicicleta não escolhe extractos socias, nem idades, nem condições atmosféricas. Em Portugal o que ouvimos é que quem anda é pobre e ignorante.




...em vez de estacionamento para carro, existem em todo o lado para bicicletas. O trânsito automóvel é interdito ou limitado em muitas ruas.
Edimburgo, Escócia



As ruas históricas são cortadas ou severamante limitadas ao trânsito automóvel


Amesterdão, Holanda


Estacionamento gigantesco para bicicletas à saída da estação de comboios.

Linz, Áustria

A rua é efectivamente SEMPRE para os peões
Innsbruck, Áustria


A bicicleta é utilizada em preterimento do carro. Condições são oferecidas para isso onde quer que se vá.


Não costumo fotografar a maneira como as pessoas se deslocam nos países que visito, mas o que sem dúvida fica na retina é a diferença de atitude. Sinto que entrei no terceiro mundo quando chego a Lisboa.
Nós acrecentaríamos Portugal. Não é só Lisboa que sofre, neste aspecto, de um atraso civilizacional. Há conhecimento, há experiência, há vontade mas a paisagem da mudança é sempre estática. Não estamos realmente em regressão; estamos apenas estagnados, assistimos à mudança, lá fora e demitimo-nos da participação cívica, comentando apenas a pasmaceira de cá.
Porquê?

32 comentários:

  1. É uma verdade que, de facto, os portugueses são um povo que olha demasiado para o seu próprio umbigo. Basta ver os telejornais. Dá a ideia de que não temos nada a aprender com os outros...

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  2. Chamar “terceiro mundo” é um enorme exagero (tomara o terceiro mundo viver com as condições que temos). Mas não há dúvida de que nisto somos mesmo muito atrasados (em relação ao resto da Europa). E o que é curioso é que achamos precisamente o contrário: que andar de carro é que é desenvolvimento e que andar de bicicleta é arcaico…

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  3. O que me espanta é que este "mal" tanto dá nas novas como nas velhas gerações... parece que foram todos contagiados por um vírus...

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  4. Essa diferença sente-se não só para Portugal mas também para todos os países da Europa do Sul, maneira geral. Apesar da contrariedade meteorológica, os países do Norte da Europa são bem mais inteligentes na maneira como usam a bicicleta, e ganham em poluição, dinheiro, saúde, stress, segurança...

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  5. É inevitável: os preços dos combustíveis, mais tarde ou mais cedo, vão acabar por atingir preços muito elevados. E aí as pessoas vão ser obrigadas a arranjar alternativa...

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  6. Para não falar da grande questão: quem não tem carro não "papa gajas"... desculpem-me as duras palavras..

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  7. eu adoro ver gajas a andar de bina... Mas não a estacionar em cima de passeios!

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  8. Um jogo de xadrez daqueles em Portugal deveria ser giro, se até os marcos das estradas roubam!

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  9. Eu não me importava de ir trabalhar de bicicleta, mas não nos podemos esquecer que Lisboa é a cidade das 7 colinas e subir e descer ruas de bicicleta..ui..nem quero imaginar..Prefiro andar de transportes públicos :P

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  10. Para um tratamento um pouco mais sério sobre a questao das "7 colinas" recomendo ao Anonimo 12:52 o blog
    http://100diasdebicicletaemlisboa.blogspot.com

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  11. Anónimo das 7 colinas. Depende muito do seu percurso. Segundo estudos quase 70% das vias em Lisboa têm declives inferiores a 10% (perfeitamente cicláveis). Se pensar bem, do Saldanha à Alta de Lisboa é um enorme planalto que inclui as avenidas novas.

    Pense também que mais de metade das viagens de carro na cidade têm menos de 5 quilómetros. Por isso muitas viagens de automóvel podem ser substituídas por viagens no interior de bairros como Campo de Ourique, Alvalade, etc. Bairros estes perfeitamente planos.

    JM

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  12. Andem de bicicleta, de transportes públicos, de trotinete, a pé, como quiserem, deixem-nos é os passeios livres!

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  13. Ainda há gente que pensa que Lisboa é uma cidade "difícil" para andar de bicicleta!

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  14. tudo tão plano... parece mesmo lisboa.

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  15. "Ainda há gente que pensa que Lisboa é uma cidade "difícil" para andar de bicicleta!"

    então experimente vir do cais do sodré até as amoreiras.

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  16. Não digo que seja impossivel, mas a mim parece-me complicado e "dificil".

    Eu vou da Amadora para a zona das Amoreiras/campo de ourique.

    Mais uma vez digo..prefiro ir de transportes públicos. Deixo o carro á porta do metro e lá vou eu. Hoje em dia o metro vai a qq lado.

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  17. Caro anónimo das 15:41:
    Deu um exemplo extremo. Se os estudos concluiram que mais de 80% da cidade é ciclável sem qualquer dificuldade, é porque há os outros 20%...
    Mas 80% é quase toda a cidade! Exemplos podia citar muitos (morar no Lumiar e ir para a Faculdade no Campo Grande; morar em Telheiras e trabalhar em Benfica; morar em Santos e trabalhar na baixa; morar no Campo Pequeno e trabalhar no Marquês de Pombal; etc.).

    Ainda assim, digo-lhe o seguinte: do Cais do Sodré vai-se sem quaisquer problemas até ao Rato (por Santos / Av. D. Carlos / Rua de S. Bento). Quanto à subida Rato-Amoreiras, é um bocadinho que faz bem a pé (tantas vezes o faço!).

    Declaração de interesses: não vou de bicicleta para o trabalho, mas sim de comboio + metro (é uma distância muito grande).

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  18. Eu acho mas é que o pessoal das binas deve ser suicida. Andar em lisboa de bicicleta.. amen

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  19. Anónimo das 18:31, outro mito esse do risco!

    O número de mortos em bicicleta por quilómetro percorrido é bem mais baixo do que as pessoas pensam. Aliás, quem pensa assim geralmente nunca experimentou. O que não quer dizer que em Lisboa seria óptimo reduzir substancialmente a velocidade dos automóveis.

    JM

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  20. Malta
    Eu ando de bicicleta em Lisboa e moro numa colina e não me faz confusão nenhuma a subida que tenho de fazer para chegar a casa.
    Normalmente vou a puxar e, até ver, ainda não conheci colina de Lisboa mais difícil de subir que uma qualquer das nossas serras.
    Mas, para quem não anda propriamente em forma a solução parte de utilizar as mudanças; actualmente não há bicicleta sem mudanças; ainda há dias tive de ir a um sítio complicado em termo de inclinação e não me convinha transpirar, fui nas calmas, mudança levezinha e lá fui eu por ai acima.
    O grande inimigo ainda é o automóvel, pois mal vêem um ciclista ficam logo com uma incompreensível ânsia de o ultrapassar… é realmente uma coisa doutro mundo.
    A única maneira de mudar os comportamentos é ir para a estrada, não é propriamente vir para os blogs (também faz falta), é ocupar a estrada e HABITUAR OS AUTOMOBILISTAS a viver com as bicicletas!
    Tenho dito!

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  21. JM, infelizmente o número de sinistrados em bicicleta não é tão baixo assim...

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  22. Lisboa é uma cidade altamente ciclavel. O que podemos perder em algumas inclinações, que nem são assim tantas e quando são grandes são de curta distancia (em que a solução é ir com a bicicleta à mão), ganhamos em boas condições meteorológicas. Na suécia a entrega do correio em muitos sítios é feita de bicicleta, mesmo quando está a nevar. Se o carteiro não pode ir com a velocidade do bom tempo vai mais devagar.
    Recomendo vivamente as pessoas a tentarem andar de bicicleta em Lisboa. Se andarem todos os dias passado 15 dias podem subir com facilidade, embora lentamente (5 a 10 minutos), numa vulgar bicicleta de montanha a rua do alecrim e subindo essa rua está feito o mais difícil do percurso cais do sodre - amoreiras. O tempo a mais que levam no percurso de ida vão ganhar a dobrar no percurso de regresso.
    A segurança é também uma falsa desculpa. É certo que somos maus condutores mas o transito de lisboa nas horas de ponta torna os carros inofensivos. Quem fizer a avenida da republica pela faixa do bus e devido ao grande número de semáforos, sente que tem uma estrada só para a bicicleta.
    Eu diria que mais de 80% dos percursos feitos na hora de ponta em lisboa de carro, que demorem até 30 minutos em cada sentido (para equilibrar o facto de um dos sentidos poder ser feito a subir) levam menos tempo de bicicleta. Pensem só no tempo que levam a estacionar o carro, e o tempo que levam a pé de onde estacionaram o carro, até ao sitio onde gostariam de realmente ter estacionado o carro. A minha base para este número é a experiência de andar de bicicleta e ver que quando um carro me ultrapassa rapidamente volto a passar por ele na fila de um semáforo.
    Claro que há sempre quem prefira ficar parado num engarrafamento enquanto vai a caminho do ginásio para ir pedalar numa bicicleta a olhar para a parede.

    Se vivem em Lisboa e têm uma bicicleta em casa aproveitem por exemplo o Domingo de manhã para andarem de bicicleta na cidade, e não apenas na zona da expo, vão ver como alguns dos mitos das 7 colinas vão ficar desfeitos à medida que vão ganhando forma.

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  23. "Em Portugal, o que ouvimos é que quem anda de bicicleta é pobre e ignorante".

    Garanto que esta afirmação colocada por baixo da foto de Colónia-Alemanha é absolutamente verdadeira e para o provar, dou-vos o seguinte exemplo:

    Tenho um Mitsibishi Carisma que evito utilizar dentro da cidade, preferindo trocá-lo pela bicicleta. Há dias, quando me deslocava ao banco na minha nova "Orbita" passei por um amigo que já não via há algum tempo e que ficou especado no meio da rua a olhar-me com incredulidade.
    Em resposta ao meu "Bom dia!" abanou a cabeça e disse-me "Ainda hei-de ver-te pior!"

    Sem comentários!

    Faísca

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  24. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  25. Isso de bicicleta ser de pobre... é mesmo pensamento tuga.
    Eu tenho uma carrinha topo de gama e um cabrio, além do carro da minha mulher. No centro de Lisboa, ando numa bicla de 150€. Se for fim de semana e me apetecer andar no cabrio, vou nele, mas de resto, sempre de bicicleta!!!

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  26. Eu em bikes tenho mais de 4.000€ investidos!

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  27. "Claro que há sempre quem prefira ficar parado num engarrafamento enquanto vai a caminho do ginásio para ir pedalar numa bicicleta a olhar para a parede.". huha! nem mais caro amigo!

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  28. Mitsibishi Carisma é carro de quem cheira a cócó!

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  29. Este do "cocó" (só tem um acento, aprenda a escrever) não deve ter mais de 5 anos, pelo menos de idade mental...
    Fernando

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  30. Talvez tem é "cócó" em vez de cérebro. Deve ser por isso que não consegue dizer mais nada. Pobres pais, andaram a criar um filho, para dar nisto. É de dar pena.

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  31. Essa é a próxima, cocó dos caezinhos estacionados em cima do passeio.

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  32. Se calhar é o sra que o Faísca fala na sua história..lol..

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