Düsseldorf, a cidade do luxo... e dos peões!

Em Düsseldorf, uma das cidades mais ricas da Alemanha, e a oitava maior do país, onde em cada esquina transitável para carros se pode contemplar um Ferrari, um Lamborghini, um Maserati ou pelo menos três ou quatro Porsches, cidade essa localizada numa das regiões mais industrializadas da Europa, e inserida num país onde a indústria automóvel tem um papel fulcral para a dinamização da economia nacional, quer ao nível das exportações mas também bastante ao nível do mercado interno; numa grande e vasta zona central da cidade e também sempre ao longo do rio Reno, os carros estão literalmente proibidos de penetrar e invadir o espaço sacrossanto do pedestre.

Como resultado, num Domingo de manhã, com o clima não muito convidativo com uma brisa fresca matinal, o céu um pouco enublado e com a temperatura a rondar os 15 C.º, as ruas ficaram repletas de gente, essencialmente turistas, mas também locais, que aproveitaram para ir às compras e impulsionar o comércio local, almoçar nas diversas opções de restauração ou simplesmente passear pelas várias dezenas de ruas e artérias da cidade estritamente pedonais.

Em Portugal, um país que esteve à beira do colapso financeiro, com uma dívida externa das maiores do mundo em grande parte devido ao crédito automóvel, que não tem qualquer indústria automóvel própria para promover, e onde 1/4 das importações são carros e combustíveis; os seus centros urbanos mais parecem uma continuação da feira automóvel a céu aberto que decorre por vezes na FIL. Por seu lado, as gentes lusas, com um dos climas da Europa mais convidativos para passear na rua e ao ar livre, vão às compras nos grandes centros comerciais como o Colombo. Afinal de contas em Portugal, parafraseando Carlos Barbosa, presidente do ACP, "a mobilidade começa à porta de casa" e "as pessoas precisam de se deslocar"; ou será que é o Dr. Medina Carreira que está correto quando afirma, incluindo-se a si na adjetivação que "somos um povo de pelintras"!

Pois, discordamos das observações menos próprias dos comentadores acima mencionados, e achamos que em Portugal também é possível. Basta um pouco de vontade política e uns autarcas que antes de se preocuparem em saciar as necessidades das máquinas, se preocupem em saciar a necessidade das pessoas!

Sinal indicando zona estritamente pedonal

Praça do município, unicamente pedonal




Praça do município, unicamente pedonal

Todas as ruas que dão acesso à praça do município,
são unicamente pedonais

Ruas com largura para comportar tráfego automóvel,
são unicamente pedonais



Nesta rua onde a respetiva largura em Lisboa daria para ter uma "boa" avenida com tráfego automóvel intenso em velocidade excessiva; por aqui é estritamente pedonal e nem moradores nem comerciantes têm acesso (pelo menos durante o dia).

A zona fica tão aprazível, que até há um piano público na rua,
para quem quiser tocar






Grupo de jovens senta-se na rua,
a confraternizar


Esta rua é partilhada entre peões e elétrico

O comércio fervilha, assim como restaurantes e cafés, mesmo num Domingo de manhã


As praças junto ao Reno, são naturalmente, das pessoas



Passeio junto ao Reno, com a famosa torre do Reno em Dusseldorf

8 comentários:

  1. Que maravilha. Não se vê um único carro. Isso torna, de facto, os espaços muito mais humanos.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Em Lisboa não dá, é "utopia" e somos "culturalmente diferentes"

      Eliminar
    2. Culturalmente diferentes, civicamente (in)diferentes, anormalmente desumanos, cientificamente pertencentes à espécie macacóide mais primata que existe, ajudados por políticos corruptos, aldrabões e ladrões que apenas se preocupam com a sua existência, poder, amigos, compadres e clientelas que lhes vão dando alimento para prosseguirem viagem quando saem da política... Portugal é um caso cientificamente perdido porque as gerações vindouras já estão mentalizadas e materializadas nas que actualmente proliferam pela selva a que chamam sociedade.

      Eliminar
  2. O problema do trânsito (e do estacionamento, claro) é 100% político (de "polis", que significa "cidade"). É, pois, para o comportamento dos políticos que temos de olhar quando abordamos estes problemas.
    Repare-se
    Sampaio deixou a CML para ir para PR
    Santana Lopes deixou a CML para ir para PM
    Costa está mortinho para fazer o mesmo (para PM ou PR).

    Ou seja: para boa parte da classe política, as autarquias são apenas trampolins para mais altos voos.
    Assim sendo, será de estranhar que Lisboa esteja como está?
    E podemos extrapolar para tudo o resto: lixo omnipresente, ruas esventradas, sem-abrigo, sarjetas entupidas, grafitos, casas a cair, pedintes profissionais...
    Dir-se-á que estes problemas existem em todo o mundo. Poderá ser verdade, mas em Lisboa não são combatidos convenientemente, pelo que a situação piora a olhos-vistos.

    ResponderEliminar
  3. Dusseldorf (que neste post se documenta) não é excepção. Trabalhei muitos meses na Alemanha, e conheci inúmeras cidades e vilas. Em todas elas há amplas zonas exclusivamente pedonais.
    E, no que toca ao trânsito em geral, a polícia parece estar em todo o lado e - garanto-o por experiência própria!! - não perdoa! As multas podem não ser grandes, mas são certas como o Sol!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. E como explica que em Lisboa hajam três entidades fiscalizadoras para combater o estacionamento ilegal, mormente PSP, EMEL, PM, e cada uma é mais inútil que a outra?

      Eliminar
  4. Essas 3 entidades (PSP, EMEL, PM) são assustadoramente incompetentes porque estão enquadradas por outras (Governo - MAI - e CML) que se estão nas tintas para o problema.
    Curiosamente, bastaria uma intensivaa aplicação de multas para acabar de vez com o problema das contas públicas! Se isso não é feito, é apenas por manifesta insensibilidade e falta de vontade dos "responsáveis".

    ResponderEliminar
  5. É um bom exemplo, mas em Portugal, posso encontrar inúmeros casos de ruas só para peões em quase todas as cidades, e cada vez mais... mas... normalmente são atravessadas por outras ruas, ou os comerciantes e habitantes podem entrar pela rua a dentro a qualquer hora do dia com os veículos... enfim... ainda estamos longe daquele ideal de só andarem nas ruas comboios, eléctricos e metros. E já alguém reparou que para ir de uma cidade a outra a pé, é quase impossível? Raramente há bermas, e passeios em condições então é quase uma utopia!
    Nessa cidade (Dusseldorf) não sei como é, mas o que mais me irrita em Portugal, logo a seguir aos preços elevadíssimos (dos transportes públicos), é o facto de ter de se esforçar para subir para se sentar (a maioria dos automóveis não obriga a esforçar-se para entrar e sentar-se nele...), e logo à partida afasta uma imensidão de idosos que mal consegue andar (que isso seja culpa deles, é outra conversa) quanto mais subir aos transportes públicos (problema de acessibilidades)... e ainda a sinalização... ou melhor a falta dela, em quase todo o lado falta indicação de horários, próximas partidas, tempo de chegada e partida do próximo autocarro, com informação actualizada baseada em valores reais (transmissão de dados GPS, mais velocidade, semáforos e tudo mais para dar uma perspectiva realista do tempo de espera naquele local exacto)... sim existem umas aplicações para smartphones em Lisboa ou lá o que é, mas tem de ter Internet... ou então recebe uma sms depois de mandar uma... e se não tiver telemóvel (sem bateria por exemplo) fica na dúvida, além de não ser pratico... se tivesse lá uns ecrãs era só olhar e ver... ok, mais 11 minutos e 20 segundos está cá o n.º 20 para Algés (inventei o número... que não sou de Lisboa)... mas devia ser assim em todo o país.
    A incompetência tem um nome: falta de dirigentes com mão de ferro. Basta ver o caso da ASAE ao início... o presidente era rijo, e primeiro era publicidade na televisão, iam a "meia-dúzia" de restaurantes e tal com as equipas de filmagem ao longo do ano e andava tudo com medo, e a mudar à pressa o que estava mal... depois começaram a criticar as constantes reportagens que mostravam a incompetência das pessoas (que colocavam a saúde dos outros em risco... e ainda criticavam, enfim...) e então deixou de haver reportagens, mas as acções de fiscalização aumentaram para o triplo como contra partida da falta de publicidade... não apareciam na televisão, mas apareciam nos estabelecimentos por todo o lado! Agora é que não sei como andam... mas a ASAE foi, e talvez ainda seja das organizações mais temidas por todos, porque ao contrário da policia e tal, eles "andem aí"... e espantem-se... fazem mesmo o que é suposto fazerem! É um "escândalo"!

    ResponderEliminar