Como, em Lisboa, é acarinhada a calçada portuguesa


É bem possível que esta amostra de calçada portuguesa (que ornamenta a entrada principal do Palácio das Galveias - ao Campo Pequeno, em Lisboa) não tenha qualquer valor artístico.
É bem possível, também, que ela tenha sido construída por forma a suportar o peso das antigas carruagens e respectivas cavalgaduras. Esperemos, então, que resista aos veículos da autarquia - entidade que, como se sabe, tanto acarinha essa forma de arte urbana.

3 comentários:

  1. Não faltará quem diga que "ali é permitido estacionar".

    E é verdade.

    Mas o facto de ser permitido estacionar em cima da calçada portuguesa devia ser uma "agravante" (a atirar à cara de quem o permite!) e não uma "desculpa" que branqueie a degradação de património público - que custou dinheiro a quem o pagou e muito trabalho a quem o fez.

    Ressalve-se que, ao escrever isso, entendo como "calçada portuguesa" aquela que tem desenhos ornamentais, como a das fotos.
    Aquela outra, onde as pedras estão só para encher, até podia ser abolida e substituída por outro tipo de pavimentos, pois é facilmente degradável (mesmo que não tenha carros a 'ajudar'), cara de fazer e de manter.
    E - pior ainda! - uma vez degradada só é reparada mal, e tarde ou nunca.

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  2. E por falar em calçada portuguesa, nossa, que é tão admirada no estrangeiro, que existe a decorar zonas específicas de outras cidades, que a sabem conservar e não a deixam destruir.

    Se for bem mantida e tratada dura muito. Se é cara a reconstrução, então coloque-se cimento ou pedra bruta sem ornamentos nos passeios, como se vê em qq cidade estrangeira.
    Mas não se deixe estragar o que de belo já existe.

    "O novo Plano Director Municipal (PDM), para os próximos dez anos, admite a substituição do característico pavimento português por um mais confortável para caminhar. "Não estão ainda determinados os locais onde a CML irá intervir, mas obviamente que a calçada portuguesa não será retirada dos bairros históricos." A garantia foi dada por Fernando Nunes da Silva, vereador da mobilidade da CML. O autarca salientou ainda que "aquilo que existe em algumas urbanizações recentes são várias pedras juntas, isto é, simulacros de calçada."

    Porém, a falta de comodidade não é o único problema a estar na base desta substituição. Até porque, segundo Luísa Dornellas, chefe da Divisão de Formação da CML, "uma calçada [portuguesa] bem feita não é má para os saltos das senhoras, e pode até ser confortável".

    Mas, quando se trata de locais inseguros para os lisboetas, a substituição do pavimento parece ser consensual. "Não sei em concreto o que prevê o PDM, mas duvido que haja uma substituição da calçada apenas por conforto. O que me parece razoável é que, em alguns pontos, a calçada seja trocada por pôr em causa a segurança dos cidadãos. Refiro-me por exemplo a locais com grande inclinação."

    Ainda assim, Luísa Dornellas lembra que a calçada portuguesa tem, pelo menos, cinco vantagens sobre os outros pisos normalmente utilizados nas grandes cidades: "Em primeiro lugar tem robustez, durabilidade e é feita com materiais sustentáveis, ou seja, as pedras podem ser reutilizadas" afirmou a especialista, salientando que, "além de o tradicional pavimento português ser muito importante para a imagem da cidade, é de fácil lavagem e tem uma grande capacidade de absorção de águas pluviais."

    Acrescento que é dura à brava para aguentar com certas cavalgaduras que a pisam diariamente, como as das fotos.

    LC

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