No Reino do Absurdo



O estacionamento selvagem continua a ser o vergonhoso ex libris de Lagos,
uma terra com pretensões a destino turístico de qualidade
.
Repare-se na imagem de cima: a autarquia, que ali colocou os pilaretes, teve o cuidado de, em todos, gravar as suas iniciais, bem visíveis. No entanto, nem isso é suficiente para dissuadir os reis-do-mundo, numa terra onde o estacionamento é abundante e gratuito, mas onde as autoridades não actuam (ou só o fazem a pedido - para não dizer a contra-gosto).

Ora, e por mais espantoso que pareça, nessa terra não se nota qualquer indignação generalizada dos peões contra a ocupação (tão selvagem quanto desnecessária) dos passeios: em todo o lado é possível ver pessoas com bengalas, muletas, carrinhos (de bebés e de compras) e cadeiras-de-rodas (manuais e eléctricas) - pelo meio das faixas de rodagem, como se fosse a coisa mais natural deste mundo, como se pode ver numa destas imagens e [aqui]! E se alguém protestar contra esse absurdo, o mais certo é fazer figura de avis rara e, inclusivamente, suscitar a indignação dos presentes - a começar pelos prejudicados!

7 comentários:

  1. Trata-se de populações que ainda estão naquele estado civilizacional que as leva a aceitar que se escarre (ou urine, ou até defeque...) no meio da rua.

    Mas não é de espantar que assim seja quando, em plena "capital do reino", a situação é pouco melhor: veja-se a quantidade de "reis do mundo" que vêm para aqui defender o (seu) direito inalienável de estacionarem no lugar destinado aos peões.

    JCL

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  2. Alguém vai dizer que esses pilaretes já são do ano da Maria Cachucha mas não vou ser eu..

    O problema de estacionamento em Portugal é tao simples quanto isto:

    - Cidadãos com respeito perante peões

    - O habito comum do estacionamento ser grátis.

    Este ultimo podem não acreditar mas é a realidade. Sempre nos habituámos a ter estacionamento gratuito e agora como começa a ser a pagar, toca a arranjar maneiras de estacionar desde que não seja a pagar. E depois a falta de parques em alguns sitios vitais tambem nao ajuda.

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  3. Em Lagos, a quase totalidade dos parques é grátis. Dos milhares de lugares que a autarquia disponibiliza (por toda a cidade!) só uns 20 ou 30 (junto à marginal) é que são pagos.

    Esses parques grátis chegam a estar às moscas, e ali ao lado os passeios estão atafulhados de carros... à sombra das árvores (que é "o critério", mesmo quando não há sol).

    Ao esforço louvável da autarquia não corresponde o civismo dos condutores nem a acção das autoridades.

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  4. A polícia deveria ser como uma empresa em termos de gestão financeira: se estão com falta de meios porque o Orçamento do Estado não lhes dá o que necessitam, comecem a aplicar as leis e a efectuar contra-ordenações a todos os infractores! Com a quantidade do que existe para aí de infracções ao Código da Estrada, rapidamente seriam angariadas verbas para suprir as referidas necessidades (pessoal, viaturas, fardas, armamento, instalações, etc.). Ainda não houve nenhuma cabecinha pensadora, cujos neurónios funcionassem um pouco aciam da média, que tivesse esta ideia? Afinal, é apenas aplicar a Lei! Ou então deitam as leis para o lixo e vamos fazer disto (que já está quase) uma anarquia total!

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  5. Esta gente não percebe o mal que faz (mesmo que seja só em termos turísticos) a imagem de uma cidade caótica e sem lei.

    Ed

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  6. A Civilização demora tempo a chegar, e a mudança de mentalidades ainda demora mais.

    O curioso é que estes automobilistas lusitanos, assim que passam a fronteira, portam-se decentemente, e nem lhes passa pela cabeça fazer um décimo do que por cá fazem.
    E, por vezes, nem é por causa da repressão policial (que, evidentemente, também existe), mas sim por causa da censura pública.

    Quanto a Lagos (que também conheço):
    A desculpa de que "no verão não há lugares" é rotundamente falsa. Nessa terra há lugares vagos (com fartura e gratuitos) durante todo o ano (as fotos tanto podiam ser de Agosto como de hoje).

    A passividade das autoridades é revoltante, e a resignação dos peões é espantosa - são muitos anos de "come e cala"!

    Mendonça R.

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  7. Respondendo a FG, concordo plenamente com a sua ideia de que, bastaria à polícia começar a multar todos os veículos que estivessem mal estacionados, para encherem os cofres e suprir as necessidades que tanto apregoam. O problema é que isso dá muito trabalho, muita chatice e muitos amargos de boca principalmente quando toca a viaturas de amigos, conhecidos, autarcas, doutores, engenheiros, superiores hierárquicos, políticos e toda a corja de indivíduos que se julgam acima da lei e que se acham no direito de estacionar onde muito bem lhes apetece.

    Para a polícia é muito mais fácil e prático acenar com a falta de meios humanos e financeiros. Pode ser que o Estado os ouça e entre com uns milhares, sem que os senhores tenham que levantar o cu da cadeira e ter que ir para a rua fazer o seu trabalho.

    Por outro lado, também compreendo a frustração de alguns agentes que até se dão ao trabalho de multar os infractores, para depois verem as multas anuladas porque o "doutor" era amigo do chefe e foi lá reclamar da multa alegando que o carro só lá esteve 5 minutos e ele até teve a preocupação de deixar um espaço para os peões passarem.
    Isto, se o "doutor" não for um superior hierárquico, um presidente de câmara, ou um ministro e o desgraçado do polícia ainda ser "premiado" com um processo disciplinar ou arriscar uma indemnização e um pedido de desculpas ao infractor!!!

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