Um protesto

Olá,
De certo que compreendo as suas razões para esta campanha, acho muito bem, nunca tinha ouvido falar até ontem ter tido um destes queridos no meu para-brisas, não colado ao vidro (graças a quem o lá colocou) num dos meus lugares de estacionamento de "emergência" a porta de minha casa...
Realmente, para quem defende tão vivamente esta questão do espaço para peões nos passeios, não deve concerteza andar de carro pela cidade... É muito complicado por vezes estacionar e mesmo que tenhamos tido o cuidado de deixar espaço a trás e à dianteira do carro para passarem peoes, carrinhos de bebé ou cadeiras de rodas, as vezes em passeios tão largos que dava para lá fazer um parque de merendas para os mais idosos jogarem às cartas e os mais novos lancharem, e continuamos a ser multados, enquanto outros que não têm metade do cuidado de muitos não o são... Isto tudo para dizer o quê, há casos e casos, e deve-se ter atenção a isso já que a polícia não tem porque pensa realmente só no umbigo deles quando multa.
Não me incomodou nada o vosso papel, até me ri, e por acaso nesse dia até tinha deixado, como sempre, espaço para se passar a frente do carro, mas pronto... Boa campanha, os automobilistas deviam arranjar uma campanha de "os melhores sitios para estacionar em lisboa, sem pagar" :)
Bom dia.A. C. (Omitimos o nome por não termos autorização expressa para o publicar)


A nossa resposta

Cara AC,

É claro que compreendemos as suas razões para se queixar das dificuldades de estacionamento nas grandes cidades (muitas das pessoas envolvidas nesta campanha têm carro e trabalham e/ou vivem em Lisboa). O que não se compreende - e ninguém, desde que começaram os debates abrigados neste blogue nos conseguiu ou sequer tentou explicar - é por que haveria de caber aos peões o ónus de resolver os problemas de estacionamento.

Quanto ao "cuidado de deixar espaço atrás e à dianteira do carro para passarem peões, carrinhos de bebé ou cadeiras de rodas", equivale a pôr-me a andar a pé pelo meio da marginal de Oeiras, com o cuidado de deixar espaço para que me ultrapassem pela direita e pela esquerda, com a diferença de que, dessa forma, além de atrapalhar o tráfego, punha-me a mim em risco e, no caso do carro sobre o passeio, além de atrapalhar o tráfego pedonal (não é preciso impedi-lo para o atrapalhar) pode pôr os outros em risco (devo, aliás, deduzir que se preocupa em deixar espaço à frente e atrás para que os peões que vêm pelo passeio passem para a rua para se desviarem do seu carro, porque não faz nenhuma referência a espaço ao lado do carro) .

Já viu um cego a andar por um passeio coalhado de carros? É patético.

Quanto à Polícia, que só pensa no seu (dela) próprio umbigo quando multa, devemos saudar com grande alegria a notícia de que a Polícia multa, porque não será só no seu (dela) umbigo que estará a pensar, e sim no cumprimento do seu dever, que é proteger a sociedade, especialmente os mais fracos, daqueles que se sentem acima da lei - neste caso, acima de uma lei a que muitos desobedecem mas que ninguém contesta.

Quanto a não se ter incomodado com o nosso papel, esclarecemos que o nosso objectivo não é impor penas aos prevaricadores - essa é função da Polícia. O que queremos não é fazer justiça e sim clamar por ela. É óptimo que tenha lidado com bom humor com o pequeno transtorno que lhe causámos, mas seria melhor ainda se o nosso papelinho a fizesse pensar com maior responsabilidade sobre a sua atitude.

Quanto à campanha por mais sítios para estacionar, não há nenhuma incompatibilidade com a nossa - se fizer um blogue até podemos ponderar pôr uma ligação no nosso.
Quanto ao "sem pagar", há muitas controvérsias sobre isso, mas nisso já não nos metemos porque, como há de compreender, não cabe ao peão resolver ou sequer propor soluções para os problemas de estacionamento.

Atenciosamente,
Passeio Livre

9 comentários:

  1. Se o incomoda tanto a falta de estacionamento, porque não andar de transportes públicos?
    E essa história da polícia multar é gira! Em que localidade é que esses malandros fazem isso? Deve ser a única...

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  2. Parabéns por esta iniciativa!

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  3. Sugiro à Administração do 'tasco' a publicação deste post:

    http://cidadanialx.blogspot.com/2009/04/autocolantes.html#links

    in CIDADANIA LX

    Obrigado

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  4. Ao sr da carta,
    Eu sou automobilista de cidade, e recuso-me a estacionar em cima de passeios. A solução é estacionar onde houver lugar e andar a pé uns minutos se necessário. Compreendo no entanto que 3 ou 4 minutos é uma maratona para a maioria dos automobilistas.

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  5. Tenho um vizinho que sofre de artrite reumatóide. Está sempre com alguma dor - no tornozelo, no joelho, nas ancas ou em tudo ao mesmo tempo. Ele tem um carro e a mulher, outro. A garagem só dá para um carro. Ambos têm dois filhos - um deles, de colo. Ele nunca teve que estacionar no passeio. Em compensação, já teve que andar - na velocidade que as suas pernas doloridas lhe permitem e, às vezes, com o bebé ao colo ou no carrinho, pelo meio da rua. Por essa e por outras é que fico irritado sempre que ouço alguém dizer que é por falta de opção que se estaciona no passeio. O que falta não é opção. É vergonha. Quem a tem não precisa de passeios para estacionar.

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  6. E se não houver mais espaço para estacionar? O automobilistas terão direito de clamar por mais? Deveremos destruir edifícios? E se depois de destruir património, ainda não é suficiente? Destruímos os jardins?

    Não há cidades Europeias em que todos os automobilistas tenham o direito a estacionar sem pagar.

    Não há cidades em que haja estacionamento para todos os residentes.

    Será que isto justifica a ocupação dos passeios?

    Na maior parte das cidades europeias não há estacionamento nos passeios. E não é porque todos os residentes e visitantes têm lugar para estacionar. No centro de Paris ou Amesterdão para ter cartão de residente há uma lista de espera de vários anos. Estacionam no passeio? Não, porque têm medo da multa.

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  7. Em Paris é no mínimo tão mau quanto em Lisboa. Eu quase fui atropelado por uma mota no passeio, e numa passadeira por vários carros. O Karyaka ex-jogador do Benfica, vindo de Moscovo apelidou Lisboa como uma cidade de 3ºMundo, onde as crianças não podem brincar na rua... Foi atacado pela imprensa na resposta. É assim o país onde vivemos..

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  8. Mas Lisboa é uma cidade do 3º mundo. Não pela cidade, que é maravilhosa, mas pelos energúmenos e parasitas que a desfiguram desde o simples Zé ao maior político.

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  9. os jornalistas é que são todos uma cambada de atrasados mentais. pensam que tem o poder só por escreverem nos jornais.

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